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Os riscos do UBER

D. Carmem! Era assim que os gêmeos, Pedro e Paulo, chamavam a mãe. Bastante austera com os filhos, criou-os sem contar com ninguém.

Na juventude, ela gostava de aproveitar a vida. Ninguém, nem os pais, punha muita fé em seu futuro. Dessas inconsequências vieram os gêmeos. Como não tinha certeza da paternidade, nunca revelou os possíveis pais. Mas a gravidez, no entanto, mudou sua vida. Não quis ajuda de ninguém, chamou para si todas as responsabilidades.

Ela trabalhava em um escritório de contabilidade, fazia algumas escritas por fora, imposto de renda e tudo mais que pudesse proporcionar uma boa vida aos gêmeos. Abdicou dos prazeres, estudos e tudo que não gerasse renda e prazer para os filhos. Escola particular, judô, clube, futebol, natação, livros e tudo mais que precisassem. Não adiantou muito. Viraram dois ratos de academia, sarados. Educados e bons meninos, isso é verdade.

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De trabalho então, nunca quiseram saber. Isso até o dia que Carmem comprou um carro preto e deu para Pedro e Paulo se revezarem no UBER. E deu certo!

Agora, com os filhos encaminhados, Carmem resolveu voltar a viver: ingressou na faculdade e em uma academia para pôr o corpo e a cabeça em ordem. Filosofia ASICS, dizia ela em um Latim precário: Anima Sana In Corpore Sano.

Pedro e Paulo revezavam-se em turnos de seis horas, o carro não parava. D. Carmem, claro, era quem cuidava da contabilidade do negócio que ia de vento em popa.

Mas um dia (e na vida sempre tem um dia), às três da madrugada, já perto do horário de passar o carro para Paulo, Pedro recebeu uma chamada mais distante. Era uma corrida para pegar alguém em um Motel. Apreensivo, resolveu chamar o irmão para irem juntos.

A preocupação era vã. Quem havia chamado era Marcão, personal trainner, amigo de ambos, ratos de academia, famoso por pegar todas as meninas. Diziam que recebia presentes e mais presentes das alunas, especialmente as casadas, sua especialidade.

“Porra! Cara! A gente veio em dois porque estava preocupado. Se soubesse que era você…”, disse Pedro. “Ainda bem que eu vim junto, estou imaginando a gata que você tá pegando”, complementou Paulo.

Marcão respirou fundo, com ar exausto e disse: “Cara! É uma coroa que a gente não dá conta! Tive que tomar dois azuizinhos para continuar. A mulher não parava. E ela sabe cada coisa que vocês nem imaginam. Eu até saí antes, enquanto ela tomava um banho, senão ela ia me pegar de novo!”.

“Pô! Cara! Passa o contato dela. É sempre bom pegar uma coroa rodada. A gente aprende um pouco mais”, disse um dos gêmeos.

“Ela se chama Kaká. Cinquenta e poucos anos, mas dá show em qualquer menininha. Acho até que é melhor vocês virem os dois juntos, porque um só não vai dar conta não”, disse Marcão rindo.

Nisso, Kaká entra no carro e ouve uníssono: “Mãe!”, diante dos gêmeos estupefatos.

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Antônio Fais

Colaborador

Escritor, Filósofo, Professor, Especialista em Linguagem e Aprendizagem.

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