As queimadas no Brasil, particularmente em agosto, apresentam um cenário alarmante, com um aumento expressivo nos focos de incêndio em várias regiões. Recentemente, o deslocamento da fumaça dessas queimadas para amplas regiões do Brasil virou notícia, destacando a gravidade da situação. Ao comparar os dados de 2023 com 2024, observa-se um aumento significativo em estados como Mato Grosso, Pará e Amazonas, refletindo não apenas na atividade humana, mas também nas condições climáticas adversas que têm prevalecido no país.
A conexão com a estiagem prolongada
Esse aumento nos focos de queimadas está intrinsecamente ligado à estiagem prolongada que afeta vastas regiões do Brasil. Um recente mapeamento mostrou que a chuva vem de forma muito irregular em amplas áreas do Brasil, desde o início do outono. Esta estação, que marca a transição entre o período chuvoso e seco no Brasil, é crucial para a manutenção da umidade do solo e da vegetação. A falta de precipitação tem contribuído significativamente para a propagação dos incêndios, exacerbando os problemas já críticos enfrentados.
A seca prolongada, intensificada por um outono e inverno com vários períodos de temperatura acima da média, cria um ambiente propício para o aumento do número de queimadas no Brasil. É importante ressaltar que o inverno é a estação que menos chove no Brasil em comparação com as outras estações do ano. A combinação de alta temperatura e falta de chuvas reduz a umidade do solo e da vegetação, tornando-a altamente inflamável. Esse cenário favorece a propagação rápida de incêndios, especialmente em áreas de vegetação densa, contribuindo para um aumento significativo nos focos de queimadas, que podem devastar ecossistemas inteiros e agravar a qualidade do ar.
Aeroportos impactados pela fumaça
A gravidade da situação é reforçada pelos relatos de fumaça registrados em vários aeroportos nesta quarta-feira, evidenciando o alcance do problema:
Pará: Itaituba, Marabá, Novo Progresso, Carajás.
Amazonas: Manaus, Tefé, Coari, São Gabriel da Cachoeira.
Acre: Rio Branco, Cruzeiro do Sul.
Rondônia: Porto Velho, Ji-Paraná, Cacoal, Vilhena, Guajará-Mirim.
Tocantins: Palmas.
Mato Grosso: Alta Floresta, Sorriso, Cuiabá, Rondonópolis.
Goiás: Anápolis.
Minas Gerais: Uberlândia, Uberaba.
Estados com aumentos significativos de focos
Mato Grosso: Aumento de 329.593 focos (de 94.812 em 2023 para 424.405 em 2024). Este salto expressivo destaca uma situação de emergência ambiental que requer atenção imediata para medidas de controle e prevenção.
Pará: Aumento de 221.402 focos (de 170.905 em 2023 para 392.307 em 2024), refletindo condições extremas e possivelmente menos eficazes de manejo e prevenção de incêndios.
Amazonas: Aumento de 196.558 focos (de 112.749 em 2023 para 309.307 em 2024), indicando uma escalada preocupante que pode impactar significativamente a biodiversidade local.
Notáveis mudanças em outros estados
Mato Grosso do Sul: Notável aumento, embora partindo de uma base menor, de 11.823 focos (de 3.822 em 2023 para 15.823 em 2024), o que ainda representa uma tendência preocupante que necessita de vigilância.
Análise do mapa de seca
O mapa recente que ilustra a distribuição dos dias sem chuva no Brasil revela um cenário crítico em várias regiões:
Centro-Oeste e Sudeste: Estas áreas estão predominantemente coloridas em tons de roxo, indicando entre 100 e 200 dias sem chuvas. Essa seca extrema afeta diretamente a umidade da vegetação, criando condições altamente favoráveis para a propagação de queimadas, especialmente em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.
Nordeste: Grande parte do Nordeste, incluindo o sertão, também aparece em tons de roxo e laranja no mapa, sinalizando entre 75 e 150 dias sem chuva. A vegetação seca, resultado dessa estiagem prolongada, torna a região extremamente vulnerável a incêndios florestais, contribuindo para os números alarmantes de focos de queimadas em estados como Maranhão e Piauí.
Amazônia e Norte: Embora o mapa mostre algumas áreas do Norte em azul, indicando menores períodos sem chuva (5 a 10 dias), há regiões em estados como Pará e Amazonas que estão em tons de laranja e vermelho, com 50 a 100 dias sem precipitação. Isso exacerba a vulnerabilidade da floresta amazônica a queimadas, refletindo nos aumentos significativos de focos de incêndio nesses estados.
Conclusão: A urgência de ações coordenadas
A análise comparativa entre 2023 e 2024, juntamente com o impacto da estiagem prolongada e a análise do mapa de seca, evidencia a urgência de medidas coordenadas para combater as queimadas e mitigar os efeitos da seca no Brasil. Nos últimos dias, a fumaça proveniente das queimadas nessas regiões chegou a outras regiões do Brasil. Esse deslocamento ocorre pela circulação dos ventos, que transporta essa fumaça para várias partes do país. Além disso, importante ressaltar que o tempo segue seco ao longo dos próximos meses, e a chuva só deve retornar ao Brasil ao longo da primavera que inicia em 22 de setembro e marca a transição entre o período seco e chuvoso.
Fonte: Clima tempo