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Dirigente da FIESP/CIESP defende juros equilibrados, reformas e política industrial

Prévia do PIB do Banco Central sinaliza retomada, mas o Brasil precisa de um regime tributário melhor, juros que não inibam investimentos e uma política industrial que eleve a renda média.

Rafael Cervone, vice-presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP), observa que deve ser analisado com moderado otimismo o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (14/06), indicando crescimento de 0,44% em abril ante março de 2021, de 15,92% em relação ao mesmo mês de 2020 e de 4,77% no acumulado do quadrimestre.

“É preciso avaliar com equilíbrio esses dados, para que o Brasil adote as melhores estratégias para a retomada do crescimento”, pondera.

Cervone ressalta serem mais expressivos os indicadores referentes ao avanço em abril frente ao mês anterior e ao acumulado do ano, pois a expansão relativa ao mesmo mês do ano passado dá-se sobre uma base muito negativa, ou seja, o grande impacto da eclosão da Covid-19, que derrubou a economia em 2020. “Os dados de 2021 sinalizam que, após a segunda onda da pandemia, nossa economia começa a se recuperar”, acentua, afirmando que “cabe agora muito critério e bom senso para mantermos o ritmo da retomada”.

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Um dos aspectos importantes, segundo Cervone, é a calibragem precisa da Selic, que será decidida quarta-feira (16/06) pelo Copom (Comitê de Política Monetária). “A taxa, que voltou a crescer, não pode ficar num patamar que iniba investimentos, crédito e consumo. É necessário um equilíbrio entre a meta de controle inflacionário e o estímulo ao nível de atividade”. Também é necessário prosseguir com as reformas estruturais, principalmente a tributária e a administrativa.

O dirigente da FIESP/CIESP ressaltou, ainda, que o Brasil precisa voltar a crescer pelo menos 4% ao ano para a recuperação do mercado de trabalho e uma ascensão da renda média. “Porém, só conseguiram isso os países que elevaram a participação da indústria no PIB acima de 20%, pois se trata da atividade que paga os salários mais altos, mais investe em pesquisa e aporte tecnológico efabrica produtos de alto valor agregado”. Não é sem razão, portanto, argumenta Cervone, relatando o que tem ouvido como membro do B20, braço privado do G20, “que o setor seja o novo epicentro das disputas entre as potências econômicas”.

Assim, “o Brasil precisa de uma política industrial, com planejamento e previsibilidade, baseada em P&D e que inclua linhas especiais de crédito, incentivos à produção conforme vocações regionais e mercadológicas e regime tributário incentivador aos investimentos voltados à inovação, incluindo os bens de capital”, defende Cervone, citando números da Fundação Seade – Sistema Estadual de Análise de Dados, para reiterar o significado do setor: “No Estado de São Paulo, cujo parque industrial representa 30% do total brasileiro, o setor responde por 17,20% de todos os empregos formais e 21,12% do Valor Adicionado. Além disso, paga salário médio de R﹩ 3.931,00, o mais alto dentre todos os setores. Também contribui de modo expressivo para as exportações estaduais anuais de U﹩S 51,72 bilhões”.

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