Unidade tem 23 leitos de UTI exclusivos para Covid-19, mas chegou a ter 27 pacientes no último mês.
O Hospital Carlos Fernando Malzoni de Matão (SP) vive um momento de alerta com 100% dos leitos destinados aos pacientes com Covid-19 lotados. Para o diretor técnico da unidade, Cesar Minelli, restringir a circulação de pessoas seria uma alternativa para diminuir os casos de infecção a curto prazo.
Segundo o médico, em meio ao ritmo lento de vacinação que ocorre em todo o país, Matão deveria adotar um bloqueio de sete a dez dias para tentar reverter a situação do município de pouco mais de 83 mil habitantes que registra 4.479 casos da doença e 120 mortes desde o início da pandemia (veja a entrevista completa abaixo).
“Esse é um remédio amargo, mas não vemos outra solução. Em várias cidades onde foi feito o bloqueio, houve redução de novos casos, internações e queda no número de mortes”, disse Minelli.
Com UTI lotada, diretor do hospital de Matão pede lockdown na cidade
UTI lotada
O Hospital Carlos Fernando Malzoni tem 23 leitos de UTI exclusivos para o tratamento de pessoas com Covid-19, mas no último mês chegou a ter 27 pacientes internados.
“Muitas vezes, as vagas ocorrem por óbito de paciente do que por uma alta”, lamenta Minelli.
O médico ressaltou que insistir na conscientização da população é uma medida que não tem apresentado resultado. Segundo ele, as pessoas continuam se reunindo com familiares e amigos, o que aumenta a contaminação.
O secretário de Saúde de Matão, Ademir de Souza, concorda com o diretor do hospital e diz que muitos casos acontecem dentro das casas, onde a prefeitura não consegue fiscalizar.
Segundo o secretário, a prefeitura segue à risca o Plano São Paulo de flexibilização e não tem intenção de decretar um confinamento rigoroso.
“Nós temos um parque industrial do agronegócio muito gande, com cerca de 30 mil trabalhadores que nunca pararam de trabalhar e que cumprem os protocolos. Fazer um lockdown em uma cidade como Matão pode ter o efeito contrário”, argumentou.
Sem garantia
No caso do agravamento da doença, a atual situação dos hospitais dificulta o acesso à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, segundo Minelli, não há garantia de vencer a Covid, mesmo pacientes que recebem todos os cuidados intensivos de fisioterapia respiratória.
“Pacientes intubados estão morrendo, muitos jovens. Nós temos observando uma taxa de mortalidade alta do paciente entre 40 e 55 anos, bem diferente do que foi no ano passado. Não é uma doença tranquila, não é uma gripezinha. Quando alguns pacientes saem da UTI, há sequelas e uma grande dificuldade de respirar”, disse o médico.