Medida vai até novembro e prefeitura alega economia de dinheiro com salários e horas extras.
A terceirização do Pronto-Socorro da Santa Casa de Rio Claro (SP) pela prefeitura está gerando questionamento de médicos, que foram transferidos para Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs). A prefeitura alega economia de dinheiro com salários e horas extras.
Transferências
Depois de quase 20 anos trabalhando no mesmo pronto-socorro, o médico Marcelo Eduardo Ferrarini foi transferido para a UPA do Cervezão. O concurso público que ele fez era para trabalhar em unidades de urgência e emergência.
“O atendimento do PSMI é diferente do atendimento das UPAs porque lá nós não atendemos à porta, são os atendimentos graves que vão para lá, então eles ficam aguardando vaga para internação na Santa Casa. Pela falta de vaga nós temos pacientes que necessitam de UTI, por exemplo, e não tem vaga. Nós chegamos a ficar com até 8 entubados aguardando vaga no pronto-socorro. Então é um atendimento de complexidade um pouco maior”, afirmou.
Ele e os colegas de profissão eram contratados para fazer um plantão por semana, mas, como três dias ficavam sem médicos, eles se revezavam e faziam horas extras. A justificativa que ele ouviu da prefeitura é que o município iria economizar com essa medida.
“Eu não vejo lógica nisso, porque a invés de você contratar uma empresa inteira para cobrir sete dias de plantão, o mais lógico para quem quer economizar seria cobrir três dias só”, disse.
Economia até novembro
Com a transferência de oito médicos para as UPAs, uma empresa terceirizada foi contratada pra assumir os plantões. Segundo a secretaria de Saúde, Maria Clélia Bauer, a ideia é economizar até novembro, quando pretende devolver o pronto-socorro para a Santa Casa.
“Para que isso ocorra em novembro, quando acontece a alteração do contrato, o que nós fizemos como estratégia: qualificar a nossa UPA com todos os plantonistas concursados e contratar uma empresa de forma emergencial que desse conta de ficar atendendo na ‘porta’, com médico intensivista, durante esse período até que a porta seja assumida literalmente pela Santa Casa”, explicou.
A secretária de Saúde disse que o Tribunal de Contas já vinha apontando desde 2012 que era necessário reduzir o custo com os salários dos médicos, que estariam ganhando mais que o prefeito, o que é inconstitucional.
Em alguns casos, somando o salário com as horas extras, os vencimentos passavam de R$ 125 mil.
“Esta empresa vai oferecer dois médicos 24 horas, mais um coordenador de equipe, pelo valor de R$ 224 mil por mês. O que vinha ocorrendo é que desde 2012 os profissionais recebiam hora extra como valor de salário, então nós aplicamos um redutor do teto do salário de todos os funcionários para o teto do prefeito, que é de R$ 19 mil e pouquinho”, afirmou a secretária.
Ainda segundo a secretaria, o valor pago pela prefeitura para manter a unidade funcionando é de quase R$ 2 milhões por mês.
“Nós estamos nesse momento negociando com a Santa Casa, com isso a Santa Casa também qualifica seus serviços, preço de UTI, preço das internações da maternidade, porque hoje a prefeitura não banca só a ‘porta’, mas banca os médicos da maternidade, os especialistas que ficam na porta da Santa Casa, sem ter a fonte do Ministério da Saúde e do estado, é fonte exclusivamente municipal”, disse.
A prefeitura não informou qual era o gasto mensal do município com a folha de pagamento dos médicos do pronto-socorro. Na Santa Casa ninguém quis comentar sobre a decisão da prefeitura de devolver ao hospital a administração do pronto-socorro em novembro.
Fonte: G1 São Carlos e Araraquara