Por: Demétrio Tadeu Ceccatto
Ao receber o convite para escrever algumas linhas sobre Astronomia, me deparei com a seguinte questão: Qual assunto poderia abordar?
Primeiramente pensei nos avanços tecnológicos ocorridos ao longo do século XX e os grandes feitos atingidos nas primeiras décadas do século XXI, mas este já era um tema bem explorado pelas mídias. Uma segunda possibilidade seria abordar sobre os eventos celestes que ocorrem neste mês, tais como o solstício de inverno, em nosso hemisfério Sul, os eclipses que ocorreram, mas estes estão catalogados nos anuários e disponíveis na web.
Então pensei em um tema que, ao meu ver é pouco abordado, quer seja nos livros didáticos, ou pelos divulgadores da Astronomia nos meios digitais.
Eu vos convido para uma viagem imaginária, uma viagem para um período em que a “sociedade estava engatinhando”, uma época em que o homem estava aprendo a controlar o fogo, a construir ferramentas, cultivar vegetais, criar animais para o abate e a se estabelecer como a espécie dominante deste planeta.
Os livros de História nos ensinam que a vida para o homem primitivo era extremamente difícil, pois o mesmo dependia de suas habilidades, instinto e das condições climáticas para sobreviver, além, é claro, de se proteger de predadores, ou seja, a vida nas planícies e savanas era difícil. Porém, ao cair da noite, o homem primitivo podia observar um belo espetáculo, oferecido pela natureza – o céu estrelado. Somos levados a acreditar que, como hoje, aquela criatura que estava desenvolvendo o seu intelecto, fora tocada pelo sentimento de admiração e, este sentimento, o levava a observar cada vez mais as noites.
Com a frequência destas observações, o homem primitivo passou a perceber que, ao longo de um determinado período de tempo, a faixa brilhante de aparência leitosa que se estendia no céu juntamente com os pontos brilhantes que o adornavam mudavam e passavam a se repetir após um determinado período de tempo e também ocorriam fenômenos esporádicos.
Ao longo dos anos, estas observações, levaram aquele ser primitivo, a estimar quando o período das chuvas estava por vir, ou mesmo quando os períodos de seca estavam a chegar. Este ato, foi vital para estabelecer a sociedade, pois assim, havia a possibilidade de cultivar os vegetais e também armazenar grãos, água e alimentos para sobreviver aos períodos de secas.
Para facilitar e contar o tempo, o homem primitivo passou a criar no céu, grupos de estrelas de referência, nascendo assim uma espécie de calendário primitivo. Tais grupos de estrelas, mostraria a estação das chuvas e a seca.
Com efeito, vamos nos imaginar agora na época dos faraós, ou seja, no Egito Antigo. Para os egípcios, que eram um povo extremamente observador da natureza, o aparecimento helíacal de Sírius marcava a estação das chuvas e, consequentemente o período das inundações do rio Nilo.
Por outro lado, os povos da Mesopotâmia associaram quatro conjuntos de estrelas (as constelações) à animais para determinar as estações do ano, a saber, Touro – primavera, Leão – Verão, Escorpião – Outono e Peixes – Inverno. À estas constelações foi dado o nome de zodíaco, cujo significado é “caminho dos animais”. Hoje nosso zodíaco é determinado por doze constelações, embora de fato, o Sol percorra treze constelações ao longo dos 365,25 dias siderais.
Várias tradições e lendas foram associadas, ensinadas e transmitidas por meio das constelações e hoje podemos conhecemos algumas delas.
Por tanto, ao se deparar com um céu límpido e estrelado, lembre-se que você está tendo a oportunidade de observá-lo e este simples ato, possibilitou o nosso desenvolvimento por completo.
Astronomia & História é escrita pelo professor Demétrio Tadeu Ceccatto, Graduado em Matemática pela Unesp Rio Claro, Pedagogia pelo Claretiano, mestre e doutorando em Física Aplicada pela Unesp Rio Claro. Atualmente é vice-diretor da Escola Estadual Januário Sylvio Pezzotti e professor do Colégio Nazareno. Colunista do Jornal Clarice Lispector, filiado a Rede Camões de jornais escolares.