Por: Priscila Assumpção
– Vixe, não aguento mais.
– Só mais um pouco. Logo estará tudo bem.
– Mas já faz muito tempo!
– Eu sei. Tenha um pouco mais de paciência.
– Não consigo. Acho que vou morrer de dor no coração.
– Se tiver um pouco mais de paciência, não morre não.
– Vou tentar.
Desligaram o telefone e Fernando continuou com seus afazeres. Já fazia seis meses que estava no navio da marinha, em uma de suas missões longas. Sentia muita falta de sua noiva, Bia. Se preocupava de ficar tanto tempo longe, pois a Bia era bastante emotiva e apegada.
Enquanto isso, Bia jogou fora a caixa de lenços que esvaziou durante a conversa. Não se conformava de o noivo ter que ficar longe por tanto tempo. Por que a marinha não conseguia respeitar a vida pessoal de seus marinheiros? Essas autoridades são tão frias! Sentiu a raiva crescendo no peito. Não era justo que ela tivesse que dar uma pausa no seu relacionamento só porque eles queriam brigar com os outros.
Todos os dias dos próximos dois meses Bia ficou esperando a notícia de que seu Fernando estaria chegando em casa. Houve algum problema na comunicação do navio, e ela não conseguia mais falar com ele. Enquanto esperava, Bia não fazia mais nada. Pausou todos os seus planos, suas atividades, e ficou esperando. Lembrava da última conversa, e ficava mais desanimada. Começou achar que essa pausa seria permanente.
Os pais e amigos tentaram fazer com que ela saísse, se divertisse um pouco, mas ela se recusava. Ficando só com seus pensamentos, as ideias ficavam cada vez mais absurdas e sua imaginação corria solta. Logo perdeu a noção da realidade. Tinha certeza de que havia uma conspiração por parte da marinha, um plano para separar todos os enamorados, e assim transformariam seus membros em pessoas robóticas, incapazes de sentir emoções. Era o começo do fim.
De repente, um dia, alguém bate à porta. Era Fernando!
– Bia!! Que saudades, meu amor!
Demorou um pouco para Bia voltar a ver o mundo à sua volta e perceber que não estava sonhando.
– Fernando!! É você!!
Os dois se abraçaram longamente. A pausa chegara ao fim.
Colaboração: Priscila Assumpção, Terapeuta, Mediadora, Especialista em Comunicação.