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Voo 457 para Paris

Por: Priscila Assumpção

De um lado, futuro incerto, mas cheio de possibilidades e novas aventuras. Do outro, presente confortável, alegre, também cheio de possibilidades. O difícil é escolher entre duas coisas boas. Principalmente quando há poucos critérios de desempate.

Foi assim que subi no avião. Tendo conseguido finalmente passar pela barreira do check-in do aeroporto, que é onde tentam controlar a retomada brusca de viagens em época de pandemia, passei o voo de 11 horas e meia ensaiando minha fala na imigração em Paris.

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“Não vim a passeio. Meu filho me chamou, precisa de mim.” A pasta estava carregada de documentos comprobatórios. Ensaiei em francês precário, apelando para o inglês para complementar. Ao mesmo tempo, pensando “que loucura”! E quando o avião começou a taxiar para sair de Guarulhos, não tinha mais volta. Deu aquele frio na barriga! Procurei não pensar e só dar um passo de cada vez, não desistir, pois as tentativas frustradas já se acumulavam.

Lá pelo meio da viagem, escuto o aviso em francês para não fumar no toilette, pois havia detector de fumaça e era proibido. Esse aviso foi dado com doçura e firmeza por uma voz feminina. “Ué, mas já avisaram isso no começo”, pensei. Dois minutos depois, veio o mesmo aviso em inglês, voz feminina, tom de voz mais firme. Um minuto depois, uma voz masculina falou em tom bravo no alto falante:

– Esse aviso é para o passageiro que está fumando no banheiro. Você está colocando em risco todos os sistemas da aeronave. Se pegarmos no flagrante, será preso quando chegarmos na França.

O avião estava escuro, pois quase todos dormiam. Só dava para ver vários comissários com lanterna fazendo uma busca pela aeronave. Parecia seriado de televisão. Não consegui ver se pegaram o fumante ou não, mas vi que os franceses levam muito a sério as regras.

Mais um frio na barriga. Por mais que estivesse tudo certo, ainda dependia da interpretação das regras por quem iria receber os estrangeiros na entrada do país. Já havia dado diferença de interpretação no aeroporto. Fui barrada em um voo e quase não consegui comprar a segunda passagem, até que a supervisora liberasse a venda, o que aconteceu, felizmente.

Enfim, assim é a vida. Muito imprevisível, por mais que se planeje. Depois de passar a noite ensaiando, não perguntaram nada, não olharam nada. Estão confiando nos leões de chácara nos países de origem, que estão fazendo um ótimo trabalho.

Foram dois frios na barriga à toa e um reencontro muito alegre!

Colaboração: Priscila Assumpção, Terapeuta, Mediadora, Especialista em Comunicação.

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Pelada

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