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130 anos da abolição

São Benedito e a tradição afrodescendente

O antigo Largo 13 de Maio simboliza a cultura negra em Rio Claro por ser local dos batuques e danças que deram origem ao depois chamado samba e às escolas de samba na cidade.

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Símbolo

Como principal espaço da cultura afrodescendente no município, a Praça de São Benedito é símbolo da integração racial depois de o local haver sido área exclusão dos negros e mulatos.

Ali se compuseram e desenvolveram tradições de cultura e lazer como organização de irmandade religiosa, a Festa de 13 de Maio, quermesses, danças típicas e a dança do samba. A área é berço dos então chamados cordões dos pretos, precursores do carnaval de rua e das escolas de samba da cidade.

Patrimônio

Ponto de exclusão de escravos e libertos ou fugidos desde o Império, às vésperas da República (1889) a parte que hoje é cercada por grades foi transferida ao patrimônio católico por compra e doação do município para construção de um templo à irmandade criada para assistência dos negros. O restante é municipal.

O templo foi inaugurado em 1905 em circunscrição da igreja de Boa Morte. O africano São Benedito foi escolhido padroeiro para a catequese dos rio-clarenses negros.

Originalmente o terreno era região afastada do centro, lugar ermo em que desde antes da Abolição (1888) concentraram-se os primeiros negros libertos, alforriados ou que de algum modo haviam conquistado a própria liberdade.

A vizinhança da Boa Morte ficava fora do limite urbano. A seguir dali, os terrenos eram despovoados. A área de expansão urbana abrangia da Rua 1 à Rua 10 e das avenidas 11 a 12. Mais além era quase tudo mato. As ruas 1 e 2 passaram a existir com a chegada do trem em 1876.

Etnias

A cidade era composta basicamente por portugueses, alemães e afrodescendentes. Italianos, sírio-libaneses e japoneses começariam a chegar logo mais.

Com a substituição da mão de obra escrava pelo trabalho imigrante, escravos e seus descendentes seguiram como agregados nas fazendas. Outros se concentraram nas cidades dando origem a bairros periféricos.

Bairros

Em Rio Claro os afrodescendentes instalaram-se em regiões dos bairros Boa Morte, Buraco Quente, depois chamado de Consolação, e no que viria a ser o Bairro do Estádio, além de áreas do Quilombo, região da igreja de Nossa Senhora Aparecida. Eram áreas de arrabalde e de exclusão.

O ponto de encontro para as atividades recreativas, de cantos, danças, festejos e comemorações da Abolição da Escravatura (13 de maio) permaneceu no Largo de São Benedito. Os primitivos batuques ali executados há décadas ganhavam o formato do que viria a ser chamado de samba.
São Roque

Nos anos 1930, por consequência da expansão urbana e imobiliária, o espaço de frequência dos negros frequentadores da Praça de São Benedito foi transferido para o antigo espaço livre que havia entre as avenidas 5 e 7 com as ruas 12 e 13.

O local era conhecido como Largo de São Roque por ter havido na vizinhança um hospital de caridade com o nome do padroeiro das vítimas de doenças contagiosas.

Em 1863 o pároco e a Câmara Municipal haviam indicado para que aquele terreno fosse utilizado para a construção do novo cemitério. A iniciativa não prosperou.

Ali os afrodescendentes passaram a festejar o 13 de Maio com umbigadas e outras danças e a realizar quermesses, sempre à luz de fogueiras e ao ritmo dos batuques de seu samba. Mais recentemente o local foi ocupado por uma escola municipal. A tradicional ocupação negra acabou esvaziada.

Pau do Meio

Mesmo com a transferência para o São Roque, as raízes da cultura negra persistiu no São Benedito. Nas imediações da praça havia um rancho chamado Pau do Meio. O nome faz referência a algum tipo de mastro instalado ao centro do terreno utilizado para rodas de festejos.

Escolas de samba

À entrada do século XX, o Pau do Meio já não era tão distante da vida urbana. Os limites daquela área de exclusão passaram a ser rompidos pelos negros quando eles resolveram ir até a cidade para participar dos desfiles de carnaval. Nascia aí o chamado Cordão dos Pretos. Raiz mais antiga das escolas de samba locais.

Desde 1900 há registros de passeata de carnaval pelas ruas centrais. A manifestação exibia folguedos de tipo europeu com carros de tração animal.

A participação do Cordão dos Pretos deu formato inédito ao desfile, acrescentando música e desfile. Daquela forma original surgiram as escolas de samba Tamoio e A Voz do Morro com exibição de baterias, cabeções típicos de Recife e alegorias de Bumba Meu Boi.

Dalva de Oliveira

A consagração do Largo de São Benedito como templo do samba rio-clarense deu-se com as participações de Dalva de Oliveira. Em suas visitas à terra natal, a Rainha da Voz e do Rádio frequentava as rodas remanescentes do Pau do Meio, quando brindava os participantes com seu brilho.

Pintura modernista

A pintora Lúcia Cereda Lima preservou para a memória local imagem do Largo de São Benedito em tela de 1923. Por si apenas a pintura é obra importante por ser contemporânea da Semana de Arte Moderna (1922), assim incluindo Rio Claro no pioneirismo do estilo.

Patrimônio do Arquivo Histórico “Oscar de Arruda Penteado”, o quadro reproduz reunião de negros em torno de fogueiras sob assédio de granfinos em passeio por um Ford bigode e de policiais com cassetetes nas mãos. Escura, quase negra, a tela expõe a figueira ainda jovem.

Em 2012, diversos grupos culturais e religiosos mobilizaram-se na tentativa de salvar a centenária figueira, condenada pelo idade. A figueira não sobreviveu e seus restos foram removidos do local.

A ser escrita, a história do Largo do São Benedito vai além de aspectos sociais isolados. Sua referência será sempre a integração racial conquistada pela comunidade através da cultura, festejos, quermesses e da música.

Calendário

Em 2014, por iniciativa do vereador Geraldo Voluntário, a Câmara Municipal instituiu lei que consagra o espaço do local como marco original do samba na cidade.

A lei inclui no calendário oficial programações eventuais a serem realizadas na Praça pelo município e comunidade durante as comemorações de 20 de novembro pelo Dia de Zumbi, em referência à integração cultural dos rio-clarenses.

Resgate do espaço

Nos últimos anos, por iniciativa de moradores da vizinhança, membros da Família Rios e entidades civis, a praça ganhou diversos eventos como shows, comemorações do Dia do Trabalho e apresentações de música popular e sertaneja.
Com grande sucesso, a comunidade da igreja retomou a tradicional quermesse que é realizada a cada ano.

130 ANOS DA ABOLIÇÃO
José Roberto Sant´Ana
Rio Claro SP
2018

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Unimed Rio Claro apresenta:

Dr. Nelmer Rodrigues conversa com Dr. Alexandre Viviani - Cardiologista e também o Dr. Sérgio Antonio Pezzoti - Cardiologista falando sobre o tema "As Doenças do Coração".

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