Desde dezembro do ano passado, vítima em situação de perigo pode ligar para o telefone da Patrulha Maria da Penha, o 153, em qualquer hora do dia.
O projeto da Guarda Civil Municipal (GCM) de Rio Claro (SP), a ‘Patrulha Maria da Penha’, registrou um aumento de 488% – de dezembro do ano passado até agosto de 2019 – no número de mulheres acompanhadas após solicitação de medida protetiva devido à violência doméstica na cidade.
Segundo a Guarda Civil Municipal, quando a patrulha foi criada para fazer o acompanhamento das mulheres, a Delegacia de Defesa da Mulher tinha 43 casos registrados. Em agosto desse ano, o número subiu para 253 solicitações.
Na cidade, qualquer mulher que esteja em situação de perigo pode ligar para o telefone da guarda, o 153. O serviço funciona 24h por dia.
Aumento
De acordo com os dados da guarda, a patrulha passou a acompanhar 210 mulheres a mais do que no início do projeto, dentro do período de seis meses.
Para a coordenadora da patrulha, Luciana Cristina da Mota Rodrigues, o aumento da procura é uma boa notícia, pois mostra a maior confiança das mulheres em denunciar os casos.
“Antigamente, a Patrulha Maria da Penha aqui em Rio Claro, principalmente, era só no papel. O juiz expedia a medida protetiva e ela tinha o papel, mas sem segurança nenhuma se o autor podia ou não podia ir à casa, porque quem ia verificar isso?”, disse.
Segundo Luciana, os acompanhamentos são feitos nas portas das casas e até por telefone. “Elas se sentem protegidas”, disse.
Gratidão
Uma das vítimas, que preferiu não ser identificada, sofreu uma ameaça dentro da própria casa e precisou do apoio da patrulha.
“Ele chegou e queria dinheiro para comprar droga, mas não tinha dinheiro. Daí ele pegou uma faca, eu fiquei com medo da faca. Aí foi uns gritos aqui, a hora que eu pensei em chamar [a GCM], acho que já tinham chamado, porque chegaram muito rápido aqui. Você tem um amparo todinho deles, são uns anjos da guarda”, disse.
Além da patrulha, de acordo com Luciana, o município tem outras fontes que podem ajudar as mulheres a sair de situações de risco, como o apoio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e dos Centro de Referência de Assistência Social (Cras).
“Tem que denunciar. Não precisa ficar com um homem que está te batendo, está te maltratando”, disse a coordenadora.
A patrulha
A patrulha é sempre formada por um homem e uma mulher com o objetivo de visitar as casas das vítimas violência doméstica para certificar que nada ruim voltou a acontecer.
O trabalho é feito por quatro equipes, que se revezam no patrulhamento e oferecem atendimento 24h.
Além disso, na sede da guarda existe uma sala especial, onde os chamados são organizados e as medidas protetivas são separadas por gravidade.
Estado
A Justiça de São Paulo concedeu 57.240 medidas protetivas de urgência para mulheres em situação de violência doméstica de todo o estado entre janeiro e junho deste ano.
Esse número representa um aumento de 29% na comparação com o mesmo período de 2018, quando 44.483 medidas protetivas foram determinadas judicialmente nos municípios paulistas.
De acordo com o Tribunal de Justiça, o aumento registrado em 2019 é também a maior variação percentual de um ano para o outro ao longo da série disponibilizada pelo órgão. Os 13% de aumento contabilizados entre 2015 e 2016 era o maior avanço registrado até então.
Fonte: G1 São Carlos e Araraquara