Anuncie aqui

O que está errado!

Por: Willian Nagib Filho

O Brasil está passando por um fenômeno intitulado “desindustrialização prematura e rápida”, prejudicando a inovação de empresas e a requalificação de empregos. Entre 2015 e 2020 a Nação perdeu 36,6 mil estabelecimentos industriais, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria – CNI.

O país está perdendo o “trem” das novas tecnologias, dizem os especialistas, dentre eles Glauco Arbix, coordenador do Observatório da Inovação da USP.

Anuncie aqui

Além do “Custo Brasil”, não há crescimento e a renda da população se mantém no patamar de uma década atrás, daí porque os produtos vão ficando cada vez mais inacessíveis aos consumidores: não há para quem produzir!

As saídas da Mercedes Benz de Itirapina e da Ford estão a evidenciar que a indústria automobilística vem mesmo perdendo participação no Produto Interno Bruto. Se em 2008 correspondia a 1,1% do PIB, nos últimos anos oscila entre 0,2% e 0,3%.

Dois aspectos merecem análise: de um lado a questão da pesada carga tributária sobre a indústria, e, de outro, os subsídios concedidos a alguns segmentos industriais, destacando-se à indústria automobilística.

Só a Receita Federal estimou para este ano subsídios de mais de R$ 300 bilhões de reais ao setor produtivo, sendo quase R$ 6 bilhões para o setor automotivo.

E não é só. Muitas empresas, além da ajuda federal, ainda podem ser agraciadas com benefícios estaduais e municipais, envolvendo ICMS, doação de grandes áreas, isenção de IPTU, ISSQN e por aí vai.

Quando os governos, deixando de arrecadar, concedem anistia para determinados setores ou isenções, redução de alíquotas ou muda a base de cálculo de tributos em tratamento especial a uma gama de contribuintes, é certo que alguém irá pagar essa conta no final.

Pois bem, sem um mapeamento completo e estudos técnicos realísticos que possam demonstrar e, ao mesmo tempo, justificar o que se vem fazendo nas últimas décadas em termos de concessão das mais variadas vantagens tributárias a um e outro segmento, não se sabe ao certo se esse caro “oxigênio” pode estar sendo desperdiçado para preservar a produção de algo não eficiente e até mesmo desinteressante à coletividade, lembrando que o gasto do governo com tais benefícios chega a 4% do PIB Brasileiro.

O Congresso Nacional, desde 2018, vem forçando o Executivo a definir uma redução nesses subsídios. A coisa não avança, como também não vai para frente a reforma tributária, que poderia desafogar diversos segmentos e servir de alternativa aos questionáveis benefícios e isenções.

É fato que o Brasil está ficando fora do mapa das transformações produtivas que marcarão o mercado de automóveis. Será que a proteção às montadoras e os subsídios até aqui estão a propiciar resultados relevantes ao povo brasileiro? A preservação de empregos e a arrecadação de tributos estão sendo asseguradas em níveis satisfatórios, em troca das significativas renúncias fiscais, benefícios e subsídios concedidos pelos governos?

Mais do que lamentar o fechamento de indústrias automotivas aqui e acolá, também é momento de refletir acerca do modelo de incentivos e benefícios que pode até ter funcionado no passado, mas que precisa de novas perspectivas e diretrizes.

O Presidente da Anfavea, Luiz Carlos Morais, declarou ao Valor Econômico que o setor não quer mais incentivos e sim competitividade. Para ele “o que está errado não é dar ou não incentivos, é o tamanho da carga tributária, absurda e desequilibrada”.

Enquanto dias piores estão vindo para a indústria brasileira, reformas tributárias continuam tema de urgência e relevância. Alô Congresso Nacional!

Colaborador: William Nagib Filho, Advogado e Conselheiro da OAB/SP.

Confira outros artigos do colaborador:

Lenha, palha e gasolina

Anuncie aqui

Mais artigos do autor

Anuncie aqui
Anuncie aqui

Curta nossa página no Facebook

Anuncie aqui
Anuncie aqui

Outros artigos

Sensibilidade e Fotografia

Por: Bê Caviquioli Por ser a fotografia apoiada por três pilares, a sensibilidade, a velocidade e a abertura, a primeira, trata exatamente da exposição de...

Dia da Indústria celebra a história, o presente e o futuro do Brasil

Por: Rafael Cervone O Dia da Indústria, 25 de maio, foi instituído em homenagem ao patrono da atividade no Brasil, Roberto Simonsen, falecido nessa data,...

Medo

Anuncie aqui

Mais notícias

Cantor que morreu em acidente no interior de SP tinha vencido câncer após autotransplante; relembre

Cauê Felici, de 34 anos, ficou ferido em colisão frontal de carros na Rodovia Washington Luís, em Araraquara, e não resistiu no sábado (16)....

Eixo SP não registra morte no feriado da República

Resultado reflete trabalho contínuo em segurança e conscientização dos usuários A Eixo SP Concessionária de Rodovias alcançou um marco positivo neste feriado da Proclamação da...