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Sobrecarga invisível

Tarefas realizadas fora do horário de trabalho vinham merecendo estudos e matérias na grande imprensa. Isso porque já se via, com frequência, mesmo antes da pandemia, um incremento de tarefas ligadas ao ambiente doméstico que demandam gerenciamento e energia sobre as mulheres.

Esse trabalho verdadeiramente invisível – e não remunerado – se traduz em carga mental, sendo inegável que as mulheres dedicam quase o dobro do tempo aos cuidados ou afazeres domésticos em relação aos homens, ainda que estes tenham passado a dividir com mais intensidade as atividades domésticas com suas companheiras, mas ainda não o suficiente para minimizar o somatório da carga mental diária à jornada profissional.

Piora o cenário o fato de que a comunicação digital multiplataforma coloca todos em conexão full time: o tempo todo estamos conectados aos assuntos ligados ao trabalho. Desligar-se 100% parece impossível!

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Isso só piorou o conjunto carga mental e jornada profissional, e não só em relação às mulheres, é bom destacar.

Dedicar-se durante os períodos de descanso às atividades e temas que deveriam estar restritos ao expediente de trabalho é o tema destas linhas. O intitulado hidden overwork, ou sobrecarga invisível, é a bola da vez.

E aqui não se trata de comentar a utilização de dispositivos móveis, fornecidos ou custeados pelo empregador, para o enfrentamento das jornadas ordinárias ou extraordinárias laborais. Não é tema destas linhas as já conhecidas jornadas estendidas ou horas extras, mas sim o uso de finais de semana, férias e tempo de descanso para se manter contínuo o contato com as atividades de trabalho ou mesmo para a realização de cursos ligados ao segmento de atuação.

A questão sob luzes é bem outra: consiste no comportamento de se dedicar a atividades e temas relativos ao trabalho nas horas de folga. A confusão trabalho-casa, impulsionada pela coisa toda da Pandemia, é a principal vilã do hidden overwork.

Acaba se tornando um comportamento quase que inconsciente. O piloto automático torna a pessoa amarrada numa “vibe” que não a permite se desligar da atividade laboral. Somam-se as cargas domésticas às atividades profissionais, num comprometimento total dos dias, semanas e meses.

O apego inseparável ao smartphone atrelado ao uso do WhatsApp amarra a tecnologia ao homem e cria situações inusitadas: não se nega estarmos todo o tempo respondendo mensagens, seja em grupos familiares, sociais, acadêmicos e por aí vai. Até aí tudo bem!

Mas, quando a conexão se dá em qualquer hora do dia e em qualquer dos dias da semana, seja com clientes, fornecedores, superiores, subalternos relacionados à atividade profissional, já se considerará sobrecarga invisível. Difícil dosar a pílula. Fechar um negócio, dar um parecer técnico, uma orientação, alinhar o que será feito em dia útil oportuno seguinte, dentre outras manifestações feitas durante períodos de férias, finais de semana ou tempo de descanso, são comportamentos a que quase todos estamos acostumados.

Louvável quem se desliga parcialmente ou 100%. Poucos conseguem!

Vive-se num curso de rio agitado e sem volta. Nem sequer conseguimos ter noção ou mesmo escolher sobre querer ou não um comportamento diverso do hidden overwork.

A comunicação multiplataforma, a insegurança das relações interpessoais, a instabilidade política nacional e internacional, impõem alerta máximo.

As sobrecargas invisíveis, se já mereciam estudos relacionados às guerreiras mulheres, agora ganham contornos gerais.

Será tarde demais quando nos propusermos a um “detox” digital. Sem o descanso necessário não haverá bom desempenho profissional.

Enquanto acharmos que não é possível outra coisa a não ser adquirir, compulsivamente, mais conteúdo, mais informação, mais contados, mais dinheiro e por aí vai, qualidade de vida, antes coisa comum, hoje será meramente invisível.

Colaborador: William Nagib Filho – Advogado

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