A maior campanha do comércio varejista brasileiro, que se inspirou nos Estados Unidos, acontece nesta semana, mais especificamente dia 27. A Black Friday Brasil vai muito além da venda de produtos pela internet. Hoje em dia, vende-se de tudo na data: carros, imóveis, cursos, eventos e até passagens aéreas com descontos atrativos.
Em 2014, por exemplo, a Black Friday Brasil alcançou R$ 1,2 bilhão em faturamento nas lojas participantes. Em 2019, a campanha alcançou R$ 3,2 bilhões em vendas, segundo levantamento da Ebit | Nielsen.
O foco maior está nas vendas online, porém quase todo o comércio varejista participa da ação, com descontos reais, mas muitas vezes fraudulentos. As campanhas chamam a atenção do consumidor, especialmente nas redes sociais e nos portais de busca. Mas o especialista em educação financeira familiar, Paulo Massarutto, que é diretor administrativo financeiro da Cocre, cooperativa de crédito do Sistema Sicoob, explica que é preciso tomar muito cuidado, não só com as fraudes, mas também com os gastos excessivos. “É preciso avaliar se a compra é realmente necessária, se os preços estão mais baixos e se a parcela vai caber no seu orçamento, lembrando que os meses de dezembro e janeiro são os de maiores gastos do ano”, adverte o diretor.
A primeira dica do especialista começa pela pesquisa da loja, especialmente se for um e-commerce. “A primeira pesquisa a ser feita é no Procon. Entre no site e veja onde não comprar nas 307 lojas listadas pelo Procon-SP. Desconfie de preços baixos de lojas desconhecidas. Se a promoção estiver com um preço muito abaixo do normal, é bom desconfiar — seja por erro da loja ou má fé. Por exemplo, se um iPhone 11 de 64 GB, que tem preço sugerido de R$ 4.999, estiver por R$ 3.500, é bom redobrar a atenção”, explica
Também é importante conferir a reputação da loja. “Por mais que seja melhor evitar lojas desconhecidas, às vezes, apesar de você não conhecê-la, ela age com boa fé. Ou mesmo as lojas conhecidas têm altos índices de reclamação e devem ser evitadas para evitar dor de cabeça. Dessa forma, cheque a reputação da loja em sites que avaliam a reputação de quem está vendendo”, aconselha.
Outra dica é comparar o preço do produto antes da promoção e durante a promoção com outros sites e outras lojas. É importante perceber que um bom desconto em uma loja talvez não signifique que o produto está mais barato do que em outros lugares. “Por isso, visite diferentes sites e compare o preço dos itens para ver onde vale mais a pena comprar”, completa o diretor da Cocre.
Depois que você, consumidor, estiver seguro sobre a reputação da loja e a veracidade da promoção, é hora de avaliar as suas condições de investimento na aquisição. Por mais que existam ofertas miraculosas, é preciso que caibam em seu orçamento. “Avalie se você poderá pagar à vista (se sim, melhor ainda), mas se for parcelar, veja se não comprometerá seu orçamento mensal e não se esqueça que mesmo que você receba 13º Salário e PLR, o final de ano está cheio de despesas extras, como as festividades, compra de presentes, amigos secretos, confraternizações e viagens de férias. Sem contar que janeiro já começa com contas muito pesadas: IPVA, IPTU, matrícula e material escolar”, lembra Paulo.
Se você gastou demais e a loja não te dá a possibilidade de arrependimento de devolução do produto (isso não é tão comum no Brasil quanto é nos EUA), então você precisará se conter a partir de agora. O Paulo ensina como: “Pense em reduzir gastos extras, como as saídas nos finais de semana e adie aquela viagem curta nas férias. Também economize nos presentes de Natal e nas festas”.
Mas, se essas medidas não são suficientes para amenizar seus problemas financeiros, o diretor aconselha o consumidor a procurar ajuda. “Converse com sua instituição financeira sobre algum produto que seja viável e que tenha juros mais baixos que o cartão de crédito e cheque especial. Mas lembre-se, caso o empréstimo seja a melhor opção, você precisará ter ainda mais disciplina a partir de agora, senão entrará em um círculo vicioso e dificilmente conseguirá sair”, finaliza.
Colaboração: Paulo Massarutto; especialista em educação financeira familiar e diretor administrativo financeiro da Cocre, cooperativa de crédito do Sistema Sicoob.