História, cozinha e representatividade abriram evento de gastronomia no Vale Histórico; programação vai até domingo (11).
História, boa culinária e cultura foram os principais ingredientes da cozinha da chef Aline Guedes, em sua aula-show nesta quinta (8), abertura do 1o Festival Gastronômico de São José de Barreiro, que vai até domingo (11), na Praça Coronel Cunha Lara, a Praça da Matriz.
A inspiração e os costumes da culinária ancestral africana e afro-brasileira, mostraram para o público as origens de ingredientes hoje presentes na cozinha tradicional do país. Aline apresentou os elementos da cultura dos quilombos, enquanto explicava a razão de defender a titularidade da terra das comunidades remanescentes. A chef tem como linha culinária a pesquisa e atualização dessa cultura ancestral.
Do azeite de dendê, genuinamente produzido no amassar do pilão, até a farinha do milho crioulo, que tem sua originalidade resgatada na agroecologia barreirense, a chef misturava cada ingrediente no caldeirão, ao mesmo tempo em que contextualizava a causa de suas pesquisas e da mensagem que leva nos eventos da sua cozinha especializada na história de seu povo. A chef preparou e a plateia degustou uma receita de fubá com milho crioulo, produzido em Barreiro, e azeite de dendê.
Resgate histórico
“A cada aula-show, o público faz a degustação dos pratos e confirma pelo paladar a importância de cada ingrediente, seu contexto e a importância da culinária no resgate histórico. A abertura já foi um sucesso de público e seguimos com este calendário preparado especialmente para os nossos visitantes”, afirma Ana Paula Almeida, secretária de Turismo de São José do Barreiro.
Produtos e pratos especiais
Entre uma aula com os chefs e os shows, o festival proporciona degustação da gastronomia local e exposição de produtos artesanais da cidade. Os restaurantes engajados no festival criaram receitas exclusivas, com o toque dos sabores e tradições da Serra da Bocaina e Vale do Paraíba. Os pratos criados especialmente para o festival estão indicados na praça onde ocorre o evento e também nos próprios restaurantes.
É possível ao visitante, ainda, levar para casa um pouco dessa tradição culinária. Ao longo dos quatro dias de delícias gastronômicas, estarão expostos quitutes feitos por produtores locais, como doces caseiros variados, geleias, compotas, molhos, queijos ou embutidos. Parte é produzida com itens orgânicos e milho crioulo cultivados pela agroecologia local.
“O festival buscou trazer a união dos estabelecimentos e dos produtores locais, ou seja, da cadeia inicial até a ponta final. E destacando essa gastronomia que vem de longa tradição”, diz o prefeito de São José do Barreiro, Alexandre de Siqueira Braga.
Prosas e música
O festival também faz um mergulho nos aspectos culturais dessa tradição. Entre uma degustação e outra do melhor da culinária, haverá bom bate papo homenageando personalidades importantes que pesquisaram ou ainda pesquisam a cultura caipira e do Vale Histórico. Na abertura, quinta (8), o homenageado foi Ocílio Ferraz, culinarista e pesquisador da cultura do Vale do Paraíba; ainda haverá homenagens a João Evangelista Faria, o João Rural, cuja obra inspirou a criação do Instituto Chão Caipiria; Licéia Franklin de Oliveira, a Dona Licéia, cozinheira de Arapeí, hoje aposentada, que servia comida tropeira. Entre os convidados das prosas está o pós-doutorado e especialista em sociologia da alimentação, Carlos Alberto Dória, autor dos livros “Formação da Culinária Brasileira – Escritos sobre a Cozinha Inzoneira” (2014) e “A Culinária Caipira da Paulistânia – A História e as Receitas de um Modo Antigo de Comer”.
E, para embalar os dias de puro deleite gastronômico e boas histórias, o festival tem ainda shows musicais, principalmente de viola, com destaque para a dupla Henrique Bonna e Álvaro Fusco e Derico Sciotti, que integrou o Sexteto do Jô, no programa “Jô Soares, Onze e Meia” – Bonna é pesquisador da viola caipira, e regente na Orquestra de Viola de São José do Barreiro. A agenda musical tem ainda Trio Maroá, Quarteto em Pauta, Rafa Rodrigues e Serenata de Violas.
O visitante ainda terá algum tempo para aproveitar os encantos da cidade, sua arquitetura colonial, fazendas históricas, trilhas, mirantes e cachoeiras pelos morros da serra. Opções para qualquer idade em meio à natureza preservada da Mata Atlântica. São José do Barreiro é a porta de entrada do Parque Nacional da Serra da Bocaina, patrimônio natural intacto, e ponto de partida para a Trilha do Ouro, que desafia os mais aventureiros.
Sobre São José do Barreiro
Portal do Parque Nacional da Serra da Bocaina, a cidade fica na divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro. Preserva um precioso patrimônio cultural e histórico que retrata períodos importantes do Brasil, desde o ciclo do café. São José do Barreiro também é conhecida por seus atrativos de natureza, turismo de aventura e culinária tropeira. Acompanhe nas redes sociais https://www.instagram.com/turismosjb/.