Kai-Fu Lee é tido como o criador da Inteligência Artificial como a conhecemos hoje.
Sua obra escrita em 2019 – e lida por muitos durante a pandemia – já alertava para as modificações que a IA traria para vida e pontuava o que viria em sequência, ao menos em tese.
Quanto ao fim de várias profissões, Kai-Fu considera que a IA só mudará a forma como trabalhamos. Na medida em que alguns postos de trabalho forem se extinguindo, outros surgirão para atender às novas necessidades.
O autor considera que máquinas, aplicativos e softwares tornarão as jornadas de trabalho menores e aumentarão a geração de renda, fazendo com que as pessoas tenham cada vez mais tempo para se dedicarem ao lazer e à família. Isso refletirá positivamente nas atividades ligadas às artes e entretenimento. Profissões com maior contato humano serão valorizadas, pois as máquinas não são capazes de sentir amor, carinho ou empatia.
Lee pontua que a revolução completa de Inteligência Artificial envolve quatro ondas que se alimentam de diferentes tipos de dados: IA da internet e a dos negócios, remodelando o mundo digital e financeiro. A IA de percepção digitalizando o mundo físico, reconhecendo rostos, entendendo pedidos. E a IA autônoma estará por aí nos carros e drones tomando os céus e robôs inteligentes ocupando fábricas.
Sem nem mesmo terminarem a leitura agradável e pausada da incrível obra de Lee, vem a “pancada” do ChatGPT, aplicativo que nos faz perguntar: o que restará para nós humanos?
A ferramenta se enquadra numa 5ª onda, a da Inteligência Artificial generativa: escreve contos, poesias, responde sobre cálculos matemáticos, traduz, cria discursos de casamento, letras de músicas reproduzindo o artista original, cria e-mails corporativos, escreve trabalhos acadêmicos, produz atas de reuniões e assembleias, listas de organização, elabora contratos e laudos técnicos e uma infinidade de coisas que revolucionarão atividades, funções, empregos e negócios.
Para a economia doméstica descomplica termos financeiros, realiza cálculos, prepara o orçamento familiar, ajuda a buscar economias, planeja aposentadoria, evita pagamento de multas, melhora o crédito e não para.
Na sedutora área do Direito um robô advogado irá discutir multas de trânsito, negociará com fornecedores e atuará em reuniões de condomínio. A criação de instrumentos jurídicos, peças processuais e sentenças via ChatGPT é pura realidade.
Treinado com 175 bilhões de parâmetros, o sistema de IA por trás do ChatGPT também constrói currículos falsos e mensagens que imitam o estilo de escrita de pessoas notáveis. A detecção de textos criados por IA beira a impossível detecção de plágios. Aqui está a parte frustrante da coisa toda!
É preciso aprender bem para usar bem e para o bem, confiando que a inteligência natural domine e direcione a inteligência artificial.
O poder disruptivo da inteligência artificial chacoalha por demais as relações, daí porque é preciso aprender a fazer bom uso disso tudo, especialmente do ChatGPT. O mau uso da IA, em especial no mundo acadêmico, vem recebendo especial atenção.
A humanidade já assistiu a muitas inovações revolucionárias que trouxeram muita coisa ruim. Já está “escolada” e saberá criar o adequado antídoto!
Kai-Fu Lee idealiza que a revolução das máquinas tornará a todos mais humanos: máquinas, aplicativos e softwares viabilizarão um viver diferente e melhor.
Colaborador: William Nagib Filho – Advogado