Por: William Nagib Filho
Há poucos anos, para liquidar uma obrigação financeira ou você dava um cheque ou realizava um DOC como ordem de crédito. Em 2002 o Banco Central criou o Sistema de Pagamentos Brasileiros, permitindo o chamado TED – transferência eletrônica disponível.
Num passado recente, para obter dinheiro a opção era um empréstimo nos tradicionais bancos ou valer-se de um generoso agiota. Depois vieram as factorings, as cooperativas de crédito e, mais recentemente, as fintechs, que oferecem assessoria personalizada, cobram taxas menores e usam tecnologia com maior segurança e interatividade.
A evolução dessas coisas todas é ainda cada vez mais rápida. Hoje em dia, tudo pode ser resolvido pela internet, de pagamentos a transferências, passando por empréstimos bancários e também investimentos. Um celular e uma conexão à internet substituem toda uma infraestrutura que encarece serviços e burocratiza processos. No Brasil são 230 milhões de smartphones ativados!
Duas novidades decorrem das chamadas “forças disruptivas” (inovações que tornam os produtos e serviços mais acessíveis e baratos, tornando-os disponíveis a uma população muito maior) que nos são apresentadas e presenteadas logo quando acordamos, dia após dia.
A primeira delas é o sistema de pagamentos instantâneos, o denominado PIX, a começar a funcionar na semana que vem. Será possível enviar dinheiro para outra pessoa ou estabelecimento, via celular, tão fácil quanto mandar um whatsapp. No PIX só é necessário o CPF, CNPJ ou celular, à escolha do usuário, sem necessidade de número de conta e agência bancária. Não demorará mais do que 10 segundos a operação e funcionária 24 horas por dia, 7 dias por semana. O custo é mínimo: R$ 0,01 a cada dez transações e isso quando for empresa.
O QR Code também é opção para essa nova modalidade, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Eis que, como será aceito por todos, o PIX põe na lona (e manda para o museu) as operações TED, DOC, cheque, cartão de crédito, débito, boleto, maquinha disso, daquilo e por aí vai!
Nesta primeira fase, quase 1000 empresas já querem fazer uso do PIX.
A outra novidade é que as operadoras de telefonia passam a oferecer produtos financeiros para os milhões de clientes pré ou pós pagos: Vivo, Tim e Claro ofertarão crédito pessoal, de R$ 1.000,00 a R$ 30.000,00, com taxas de juros próximas aos dos empréstimos consignados.
Fácil notar que o “novo” vai acirrar a concorrência e propiciar melhores oportunidades e descontos para o consumidor. Com o PIX, de um lado, e sua facilidade de remessa e recebimento de valores, operações financeiras, e as operadoras, de outro, propiciando produtos financeiros em condições convidativas e captação de novos clientes, só restará aos bancos tradicionais baixar tarifas e apresentar algo diferente e vantajoso, sob pena de amargurar perdas jamais pensadas.
Aliás, anotem aí também que o Banco Central deve liberar o WhatsAppPay, serviço que permitirá a realização de pagamentos por meio da rede social de mensagens, como também já autorizou o Sandbox Regulatório, um ambiente em que entidades são autorizadas a testar, por período determinado, projetos inovadores na área financeira ou de pagamento.
É muita coisa ao mesmo tempo nesse nosso mundo disruptivo!
William Nagib Filho, Advogado e Conselheiro da OAB/SP