Recuperação iniciada em outubro do ano passado deve-se ao investimento de instituições de ensino em tecnologia e renegociação de valores.
A Mobills, startup de gestão de finanças pessoais, analisou dados de mais de 133 mil usuários de seu aplicativo entre os meses de janeiro de 2020 e fevereiro de 2021, e constatou que os gastos com educação no Brasil cresceram 50%, em comparação com a média registrada no começo do ano passado.
Na análise, é possível observar que os meses de maio e junho de 2020 foram os com maior queda em relação às despesas na categoria. Já no mês de outubro de 2020, os gastos saltaram e não pararam de crescer mês após mês. No gráfico é possível observar que no mês de fevereiro de 2021 os brasileiros gastaram mais do que em todos os outros períodos com educação. Os registros analisam despesas com escolas, cursos de idiomas, especialização e também capacitação, além de universidades.
Em março de 2020, quando iniciou o isolamento social devido à pandemia no Brasil, os gastos registrados com educação caíram 7% em comparação com janeiro do mesmo ano, mas foi em abril que os gastos nessa categoria atingiram o menor piso do período analisado. “Isso aconteceu porque as pessoas não podiam prever o que ia acontecer, o cenário era incerto e preocupante para muitas famílias. Algumas pessoas desmatricularam filhos de escolas particulares, outras optaram por renegociar valores, abandonaram cursos e faculdades, até porque muita gente ficou desempregada. Em outubro, quando a economia voltou a reagir, inclusive com parcelas do auxílio emergencial chegando a mais pessoas, começamos a ver um movimento de recuperação também para o setor de educação”, explica Carlos Terceiro, CEO da Mobills.
Em outubro, as despesas registradas com educação foram 36% maiores do que o valor registrado em janeiro de 2020. Para o especialista em educação e sócio-diretor da startup Evolucional, Vinícius Freaza, a retomada do investimento que as famílias fizeram em educação aconteceu porque as instituições de ensino se adequaram melhor à tecnologia. “Escolas, por exemplo, passaram a investir em novas ferramentas e até aperfeiçoaram seus métodos pedagógicos. Algumas delas adotaram também plataformas de avaliação online para os alunos”, comenta.
A empresa de Freaza é responsável por levar simulados do Enem, entre outras ferramentas, para mais de 3 mil instituições de ensino particular do Brasil. Eles precisaram adequar seu produto, que era aplicado em papel para os alunos, para uma plataforma online, que todos pudessem acessar de suas casas e continuarem se preparando para o principal exame nacional do Ensino Médio. “É interessante notar que o aumento de gastos de setembro para outubro pode ter sido puxado pelo investimento dos pais que matricularam seus filhos em escolas mais preparadas com a tecnologia. No ensino médio, os alunos precisavam se manter em preparação para a prova do Enem, mesmo à distância, e as escolas que melhor ofereceram isso receberam mais alunos. No início de 2021, é possível ver um forte aumento de despesas, momento também que as instituições começam a aplicar seus reajustes anuais e que mais instituições estão preparadas com novas plataformas e ferramentas tecnológicas.”, analisa o sócio-diretor da Evolucional.
Ticket médio
Apesar do aumento de gastos, durante os meses analisados pela startup, foi registrada uma queda acentuada no ticket médio, em comparação com o início de 2020 e o de 2021. Em janeiro do ano passado, a média dos gastos era de R﹩ 550,31 e em fevereiro de 2021, a média caiu para R﹩ 484,57, declínio de 12%. Ainda nessa análise, a Mobills constatou que 24,4% das transações com educação estão associadas a um cartão de crédito. Para o Carlos Terceiro, CEO da Mobills, “as renegociações de valores e os descontos oferecidos pelas instituições de ensino derrubaram o ticket médio do que cada perfil analisado gastou. Aqueles que seguiram custeando cursos e escolas, em parte, gastaram menos porque, possivelmente, negociaram melhores preços”.