Parlamentar do PSD, que se intitula defensor da cultura, é suspeito de liderar uma organização criminosa que desviou dinheiro dos cofres públicos. Defesa diz que ele é inocente.
O vereador de Rio Claro (SP) Dalberto Christofoletti (PSD) foi preso no último dia 23 de maio, suspeito de liderar uma organização criminosa que pode ter desviado pelo menos R$ 814,9 mil dos cofres públicos do município.
O crime teria ocorrido quando ele era Secretário de Cultura. Para o Ministério Público, há indícios de crimes de corrupção passiva, corrupção ativa e associação criminosa.
Na segunda (26), o parlamentar teve o mandato suspenso pela Câmara Municipal. A defesa dele afirmou que ele é inocente e que as denúncias tem caráter político. (veja abaixo quem é o vereador)
O caso segue em segredo de Justiça. Após a prisão, a prefeitura informou que suspendeu pagamentos de todos os fornecedores da Secretaria da Cultura que constam no edital investigado, especialmente dos fornecedores apontados pela operação. Também exonerou a atual secretária de Cultura, Marinalva Brito do Nascimento.
Quem é Dalberto Christofoletti
Vereador de Rio Claro Dalberto Christofoletti é preso suspeito de esquema de desvio
Natural de Santos, Dalberto Christofoletti tem 50 anos e é formado em geografia pela Unesp de Rio Claro, com especialização em geopolítica. Casado e com 2 filhos, ele tem 30 anos de experiência como professor nas redes pública e particular. Nas redes sociais, ele se intitula ‘defensor da cultura’.
Dalberto foi vereador de 2013 a 2016 pelo PDT, depois foi secretário de Cultura de Rio Claro no primeiro mandato de Gustavo Perissinotto (PSD), de 2021 a 2024. Nas eleições de 2024 foi eleito vereador pelo Partido Social Democrático (PSD) com 1.875 votos. Ele declarou R$ 300 mil em bens, referentes a uma casa e um carro.
Entre os projetos aprovados por ele como vereador estão a cota para negros no serviço público municipal, plano de carreira para os professores da rede municipal e criação da Frente Parlamentar em Defesa da Cultura.
Ativo nas redes sociais, ele postava vídeos e fotos sobre projetos em desenvolvimento e eventos culturais de Rio Claro. A última postagem no Instagram ocorreu no dia 5 de fevereiro, véspera da primeira operação do Ministério Público.
Prisão em operação do MP
O vereador foi preso durante a segunda fase da Operação Apropriação Cultural do Ministério Público de São Paulo (MPSP), por intermédio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Promotoria de Justiça de São Pedro. Uma outra operação já tinha ocorrido em fevereiro deste ano.
Segundo o Gaeco, empresas foram criadas pelo vereador e o casal de empresários Edna Maria Terto Brito Santos e Antônio Aparecido Bispo dos Santos e eram contratadas sem licitação, recebendo valores da prefeitura sob a justificativa de fomentar a cultura municipal. As investigações, no entanto, teriam identificado que parte dos recursos retornou para a conta pessoal do parlamentar. O g1 não conseguiu contato com a defesa do casal.
Ainda conforme as informações levantadas pelo Ministério Público, o vereador recorreu a laranjas para continuar comandando a Secretaria de Cultura, mesmo após deixar o cargo para concorrer a uma vaga na Câmara.
A investigação comprovou que a movimentação financeira do vereador é considerada incompatível com seus rendimentos declarados à Receita Federal.
Segundo nota do MP-SP, outras três pessoas pessoas vão ter que cumprir medidas cautelares como obrigação de comparecer mensalmente em juízo, proibição de se ausentar do município sem autorização e suspensão do exercício de função pública ou atividade econômica que possa ser utilizada para práticas criminosas.
A Justiça também deferiu a expedição de mandado de busca e apreensão para a residência do vereador, e quebra de sigilo telemático.
O que diz a defesa do vereador
A advogada Daiana Carneiro enviou a seguinte nota sobre o caso:
A defesa do vereador Dalberto Cristofoletiti, denunciado nos autos que tramitam pela 2˚ vara criminal desta urbe, recebeu com muita surpresa a ordem de prisão preventiva cumprida no último dia 23. No entanto observado o segredo sobre o qual tramita, não emitirá qualquer parecer e/ou manifestação pública sobre o caso.
De outro lado, rechaça o constituinte todos os fatos contidos na denúncia, reafirmando sua inocência, acreditando que o julgamento imparcial comprovará o caráter político das denúncias, resultando na absolvição, única conclusão possível.
Em nota, a Prefeitura informou que, assim que tomou conhecimento da operação do MP em fevereiro, “determinou a abertura de uma sindicância para rigorosa apuração de eventuais irregularidades no período investigado”.
Informou ainda que, no mesmo ato, “determinou a suspensão dos pagamentos de todos os fornecedores da Secretaria da Cultura que constam no edital investigado, especialmente dos fornecedores apontados pela operação”.
Afirmou ainda que, diante das informações divulgadas pelo Ministério Público nesta tarde, foi determinada a exoneração da atual secretária de Cultura, Marinalva Brito do Nascimento. A prefeitura não explicou a relação entre eles.
A administração disse ainda que não compactua com qualquer conduta irregular e colabora com as autoridades.
Suspensão de mandato do vereador

Segundo a assessoria da Câmara, na segunda (26), foi colocada em prática o Artigo 81 do seu Regimento Interno, já que o vereador Dalberto Christofoletti não se apresentou na sessão ordinária da tarde de segunda.
“A Mesa Diretora do Legislativo foi informada oficialmente da prisão pela Justiça. Com isso, o presidente José Pereira dos Santos suspendeu o mandato de Dalberto Christofoletti e determinou que seu suplente se apresente na próxima sessão ordinária, dia 2 de junho, para tomar posse”, informou em nota.
O suplente do vereador é Eric Tatu (PSD). O vereador Dalberto não receberá o salário de R$ 16,5 mil durante a suspensão do mandato.
Fonte: g1 São Carlos/Ararquara