Por: William Nagib Filho
Kai-Fu Lee, um dos maiores especialistas mundiais em inovação tecnológica e seus efeitos na sociedade, é tido como o criador da inteligência artificial como a conhecemos hoje em dia. Na obra “Inteligência Artificial”- Como os robôs estão mudando o mundo, a forma como amamos, nos relacionamos, trabalhamos e vivemos”, o autor faz reflexões importantes acerca do fim de muitas das profissões como as conhecemos hoje, ao mesmo tempo em que, a exemplo do que ocorreu em outras grandes revoluções históricas da humanidade, Kai-Fu Lee tranquiliza o leitor ao afirmar que a inteligência artificial apenas mudará a forma como trabalhamos. À medida que postos convencionais forem extintos, outros serão criados para atender às demandas da sociedade informatizada e muito rápida em tudo o que é transformação digital.
Muitos sofrerão os danos psicológicos advindos da perda do emprego por causa do crescimento da inteligência artificial. Da temporariedade do desemprego (suportável por algum tempo) à percepção de se estar permanentemente excluído do funcionamento da economia, a distância é grande e leva a consequências muitas vezes trágicas.
Algumas soluções surgem no meio desse cenário preocupante, dentre elas a reciclagem de trabalhadores, a redução de horas de trabalho ou a redistribuição de renda.
Os que tem 50 anos ou mais e precisam ou querem continuar trabalhando sentem mais o impacto da inteligência artificial. Chegando aos 50 anos a impressão de quem está na ativa é a de que o fim da capacidade de produzir pode estar próximo. A concorrência fica difícil com o jovem. Pode não haver mercado para os mais maduros.
Mas a boa notícia é que, se de um lado a inteligência artificial avança sobre os empregos tradicionais, a longevidade do ser humano está a demandar novas funções corporativas.
Quem alegra os corações dos com mais de 50 anos é Marina Dayrell, repórter de Carreiras e Empreendedorismo, em matéria publicada no Estadão de setembro passado.
Marina alerta que, em 2050, 30% da população terá mais de 60 anos. Cita levantamento da Fundação Dom Cabral Longevidade e Hype50+, que aponta oito carreiras que irão gerenciar a longevidade e a diversidade etária nas empresas nos próximos anos. O mercado precisará de profissionais que lidem com a longevidade, a exemplo do que já vem ocorrendo em países que envelheceram primeiro, como Austrália e Inglaterra. No Japão há empresas que contratam pessoa de 80 anos.
Que tal então se preparar para assumir a função de Conselheiro de Aposentadoria ou “coach de carreira especializado nos 50+”, um profissional habilidoso que cuidará do planejamento da aposentadoria?
Também poderá atuar como Age Adviser, uma espécie de conciliador de desacordos entre gerações? As diferenças de pensar entre gerações da mesma família criam conflitos que prejudicam a sociabilidade e as atividades produtivas. As tecnologias (inclua-se aí a inteligência artificial) são absorvidas e refratadas diferentemente todo o tempo pelos mais novos e pelos mais idosos.
William Nagib Filho – Advogado, é Conselheiro da OAB/SP