Toda vez que sai uma discussão acalorada e cada um tenta definir o seu deus, eu penso que Deus já foi criança.
Nessa época, Ele nem pensava em criar o dia, a noite, as estrelas; as águas e as plantas; os bichos e, principalmente, o bicho.
Penso nas crianças que riem e gostam de aprender, encantam-se com coisas simples, como abrir e fechar um porta-joias com música, com o brilho e o movimento da tela de um celular.
Criança gosta de aprender!
Mas, aos sete anos, agora antes, os adultos querem que elas racionalizem o mundo, as emoções, os sentimentos, querem que elas pensem com uma lógica ilógica de adultos – e elas ficam chatas! E, em sua maioria, de uma burrice controladora cheia de regras, como somos nós adultos.
Mas, voltando ao Menino, penso Nele brincando naquela imensidão do nada e, por brincadeira, resolve fazer a Sua primeira criação, antes mesmo do famoso Fiat Lux.
Ele cria o antes e, por consequência, sem que pudesse mais controlar, o depois.
E só muito tempo depois, com a criação dos sons e da linguagem, que dizem ser obra do Outro, é que antes e depois ganha o nome de tempo.
E esta foi a mais justa das criações, pois é igual para todos. Só uma Criança Divina poderia ter criado isso.
Falo, claro, do tempo infinito, não dos reles 70, 80 anos que passamos aqui, ou os insignificantes cinco bilhões de anos da Terra.
Naquele tempo, o Menino Deus não pensava, não julgava, não castigava. Mas ele cresceu.
O pobre Menino não imaginava que muitos iriam deturpar sua criação, que uns iriam querer roubar o tempo dos outros, que alguns tolos iriam dividir o tempo em anos, dias e horas.
E, finalmente, que o tolo dos tolos soltasse a máxima: time is Money que tantos repetem sem pensar.
Quando penso no menino ingênuo criando algo sem pensar para que serve, tenho saudade do menino que fui e do deus que houve em mim.