Bruno Maffei também é suspeito de usar documentos de outras pessoas para abrir contas em bancos digitais, segundo a corporação. A suspeita é que tenham sido mais de mil vítimas.
A Polícia Civil de Limeira (SP) e de Cordeirópolis (SP) cumpriram mandado de busca e apreensão no apartamento de um influenciador de frente com a praia, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (22). Bruno Maffei é suspeito de aplicar golpes na venda de bolsas e usar documentos de terceiros para abrir contas em bancos digitais. A polícia suspeita que tenham sido mais de mil vítimas.
Segundo a Polícia Civil, uma moradora de Cordeirópolis foi vítima de um golpe ao tentar comprar uma bolsa de grife em setembro do ano passado, em uma loja online. Ela chegou a pagar R$ 5 mil no acessório, mas não o recebeu.
A moradora não quis se identificar, mas afirmou à reportagem da EPTV, afiliada TV Globo, que viu uma bolsa e um sapato no Instagram do brechó “Me deu bode”. No contato por um aplicativo de mensagem, o suposto vendedor chegou a encaminhar foto da bolsa, mas após pagamento via Pix ela foi bloqueada e nunca recebeu os produtos.
A vítima contou que não sabia que o falso brechó pertencia ao influenciador. Ela registrou boletim de ocorrência e disse, ainda, que teve contato com outras vítimas que caíram no mesmo golpe.
Conforme a investigação, nas propagandas da página havia explicações sobre a originalidade dos produtos, incluindo certificados, caixas, selos e etiquetas de uma grife famosa. Toda a negociação foi feita pelo Instagram da loja.
Outra vítima relatou que fez as negociações por Instagram e WhatsApp e a compra pelo site, inclusive recebendo imagens de supostos certificados de uma bolsa que queria comprar.
“Disse também que o último proprietário tinha se desfeito da bolsa porque comprou uma bolsa que também era uma Gucci de outra coleção nova e portanto não queria ficar mais com a bolsa. Até mostrou assim, um arranhadinho para mostrar que essa bolsa realmente era de segunda mão e motivo pelo qual a pessoa não queria ficar mais com ela. E depois, então, que eu fiz a compra pelo site, parecia um site autêntico, um site verdadeiro, no dia seguinte eu acabei sendo bloqueada, tanto no Instagram quanto no WhatsApp e a pessoa sumiu”, detalhou.
Os investigadores da Polícia Civil fizeram pesquisas e análises dos dados obtidos através de quebra no sigilo bancário da pessoa que recebeu o pagamento pela bolsa, além de interceptação telefônica.
Segundo a Polícia Civil, Maffei era o titular das plataformas usadas para aplicar os golpes. Além de não entregar os produtos, em outros casos ele também teria enviado bolsas falsas no lugar das originais.
O influenciador já foi modelo, participou de reality show e já foi amigo de celebridades.
Apesar de ter 407 mil seguidores no Instagram, ele não publica nada desde fevereiro de 2016.
Busca e apreensão
Diante das investigações apontarem o Maffei como autor dos estelionatos, a Polícia Civil de Cordeirópolis e Limeira cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços do suspeito, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Próximo a um apartamento em Ipanema, bairro de classe alta do Rio, os policiais fizeram campana e, na terça-feira (22), entraram no imóvel e cumpriram o mandado.
“Nos deslocamos para o Rio de Janeiro, fizemos o levantamento do local, monitoramento do local, conseguimos identificar que de fato ele morava na Vieira Souto, de frente com a praia. Tão logo saiu o mandado, nos organizamos em algumas equipes, contamos com apoio da Core, da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Conseguimos identificar duas bolsas que ele utiliza no marketing para convencer as mulheres para adquirir o produto que se encontra no Instagram”, explicou o delegado Leonardo Burger.
Também segundo o chefe de polícia, durante a operação, Maffei tentou jogar dois celulares pela janela do apartamento, mas foi contido pelos agentes, que conseguiram imobilizá-lo e pegar os aparelhos.
Além de três celulares, foram encontradas duas bolsas provavelmente originais, com certificados. A suspeita é que elas seriam usadas para os anúncios na rede social e site da suposta loja.
Também foram apreendidos 13 chips de celulares que serão examinados. A principal suspeita dos policiais é que eles estão atrelados a ligações para bancos, onde o suspeito se identificava como terceiros.
Foi encontrada, ainda, a quantia de R$ 2.500 em dinheiro, cinco Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs), um cartão bancário vinculado a uma conta digital aberta por um cadastro falso e documento original de outra pessoal.
Ele responde em liberdade e pode ser indiciado nos próximos dias. A Polícia Civil de Cordeirópolis e Limeira continuam investigando os crimes.
Vai ser apurado se ele é autor de estelionato e de uso de documento falso. Os policiais acreditam que ele aplicou golpes em mais de mil vítimas.
A reportagem tentou contato com o influenciador para um posicionamento por meio de telefone por várias vezes, mas não conseguiu falar até esta publicação.
Fonte: g1 Piracicaba e Região