Natalia Cristina Rodrigues da Silva se relacionava há três anos com o rapaz preso pelo crime. Vítima teve câncer descoberto após ser resgatada, mas causa da morte ainda é apurada.
“Você tinha tanto pra viver. Que mundo cruel”. O desabafo foi publicado em rede social por uma tia de Natalia Cristina Rodrigues da Silva, que morreu aos 18 anos, nesta terça-feira (4), em Piracicaba (SP). A jovem tinha sido resgatada após ser mantida em cárcere privado e sob agressões por seis dias, em uma chácara localizada no bairro Dini, no distrito de Artemis, no último dia 8 de março. O companheiro dela, de 26 anos, foi detido pelo crime e segue em prisão preventiva.
De acordo com a Polícia Civil, Natalia tinha um relacionamento com o rapaz há três anos, mas foi vítima do crime por ciúmes. O boletim de ocorrência do caso aponta que ele admitiu ter agredido ela por esse motivo.
A jovem foi socorrida com hematomas, escoriações, queimaduras de cigarro, marcas produzidas por cinta ou fio, confusão mental, lado esquerdo do corpo paralisado e hemorragia cerebral.
Natalia foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (HFCP) e, durante uma cirurgia na unidade, foi constatado que tinha um câncer em estágio 4.
Familiares arrecadaram doações de materiais de higiene e roupas enquanto a adolescente estava internada e ela chegou a receber alta, conforme relatado por uma tia em rede social no último sábado (1º).
“Venho aqui desde já agradecendo a todos que estão orando pela Natalia e peço que continue. A Natalia teve alta […] Ela já está em casa e está bem”, escreveu.
No enquanto, o quadro de saúde voltou a se agravar e o falecimento foi comunicado na tarde desta terça pela Guarda Civil Municipal e, posteriormente, confirmado pelo HFCP. Agora, a causa da morte é investigada.
“Não tenho condições de afirmar qual a causa da morte. Natalia era uma paciente com câncer em estágio 4, que teve sua condição de saúde muito deteriorada em razão das agressões que sofreu. Todo seu prontuário médico será encaminhado ao IML [Instituto Médico Legal]. Sem a análise do médico legista, não podemos afirmar nada”, informou a delegada adjunta da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Olívia dos Santos Fonseca.
O velório de Natália teve início às 14h dessa quarta-feira e o sepultamento ocorreu às 17h, no Cemitério Municipal da Saudade.
O suspeito foi indiciado tentativa de feminicídio, violência doméstica, tortura, sequestro e cárcere privado.
O resgate
O caso foi atendido pela Guarda Civil Municipal, após a vítima ser ouvida pedindo socorro em uma chácara no bairro Dini, no distrito de Artemis.
Equipes do patrulhamento urbano e da Patrulha Rural foram até o local. No local, os agentes localizaram a vítima e foi acionado o socorro. Ela foi resgatada pelo Corpo dos Bombeiros e o suspeito tentou fugir pelos fundos da chácara, entrando em uma mata.
“Nós conseguimos fazer o cerco na mata, não havia possibilidade de fuga. Ele percebeu a situação e resolveu se entregar espontaneamente, e acabou confessando que ele a mantinha por questões de ciúmes e brigas. Manteve a companheira em situação de agressão, humilhação”, explicou o guarda civil de Piracicaba Fernando Bertin .
Já na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para onde foi levada, a vítima relatou a uma equipe da Patrulha Maria da Penha que ela já vinha sofrendo as agressões desde a semana anterior.
“Ela relatou apanhar com pedaço de pau, levava socos, apanhava com cinto e o ambiente é bem bagunçado, sujo. Não havia alimentação adequada”, acrescentou o GCM.
Também conforme o agente, ele confessou que suspeitava de uma traição e por isso se desentendeu com a companheira. Ainda segundo a corporação, uma outra mulher já possuía medida protetiva contra o suspeito.
Fonte: EPTV e g1 Piracicaba