Por: Wilian Nagib Filho
Coisas como o teletrabalho, home office e, agora, anywhere office, vêm impactando as relações laborais, comerciais e, consequentemente, os negócios jurídicos.
As contratações de viagens (lazer e trabalho), hospedagens, serviços em geral, locações e aquisição de imóveis e veículos, dentre outros, sofreram impactos negativos e positivos com a pandemia. Tem havido muito trabalho para os advogados ajustarem os acordos ou promoverem ações judiciais.
O home office é tendência que, para milhões, será o normal de agora em diante. O que as empresas irão fazer com seus escritórios modernos ocupando vários andares em pontos nobres é uma incógnita. Não haverá o retorno de colaboradores aos antigos espaços físicos. Ficarão em definitivo em suas casas, gerando uma economia impressionante para os seus empregadores e consequente benefício ao meio ambiente.
A virtualização do trabalho mexeu de modo direto com o mercado imobiliário. Projetos de novas incorporações imobiliárias estão sofrendo alterações constantes. Parcerias envolvendo proprietários de terrenos e construtoras estão sendo afetadas pela necessidade de se acompanhar o que o mercado está agora querendo, diferentemente do que o consumidor queria há nem um ano atrás.
Se até o ano passado, por exemplo, interessava muito ao potencial adquirente um apartamento de 2 ou 3 dormitórios pequenos, o home office influenciou de tal maneira os negócios imobiliários que muitas incorporadoras alteraram os seus projetos iniciais: foram modificados para melhor atender às novas expectativas do mercado.
Ter duas ou mais garagens no projeto já não era muito o grande chamariz nos lançamentos de novos apartamentos, em razão até da explosão e grande aceitação dos transportes por aplicativo e mobilidade coletiva, a Covid (e as doenças que virão cada vez com mais intensidade de tempos em tempos) provocou nos arquitetos um repensar modificativo, na medida em que volta a interessar o transporte individual até que vacinas para novos vírus surjam e (venham) rápido. Aliás, o poder público já está a exigir que os novos projetos tragam tomadas para os modernos veículos híbridos ou totalmente elétricos. Nessa inclinação de modernidade e preocupação sanitária, o tamanho das unidades passa a merecer mais metros quadrados, até porque, se o trabalho será mais em casa, maior conforto e privacidade serão necessários, minimizando a sensação de confinamento.
Aqueles que não fecharam suas portas após tanto tempo de crise, os resorts de luxo pegaram carona (juntamente com as companhias aéreas) no anywhere office e estão oferendo serviços para que as crianças possam se divertir e estudar ao mesmo tempo (já que também só têm aulas on line). Alguns estabelecimentos contrataram pedagogos para auxiliar os alunos. Os provedores de acesso à nuvem acompanham o anywhere office e também figuram nesse mercado aquecido.
Assim, famílias que podem flexibilizar o trabalho e conseguem passar dias num hotel ou em localidades distantes de ondem moram e desempenham presencialmente suas atividades, têm também impulsionado novas relações negociais.
A pandemia e sua decorrente virtualização do trabalho dá uma chacoalhada no mercado imobiliário e suas inerentes relações comerciais, ao mesmo tempo em que ressuscita o turismo em novos contornos, impensados noutros tempos.
Colaborador: Wiliam Nagib Filho – Advogado e Conselheiro da OAB/SP
Confira outros artigos do colaborador: