Frequentadores do local foram atacados no fim de semana e precisaram de atendimento médico. Empresário disse que levou ‘mordida profunda’ no pé.
O acesso de banhistas à Represa do Broa, em Itirapina (SP), está temporariamente proibido devido a um ataque de piranhas que deixou seis turistas feridos no fim de semana.
O risco à segurança dos frequentadores, turistas e moradores locais levou a prefeitura a publicar um decreto no Diário Oficial, na segunda-feira (27), proibindo o acesso ao Balneário Santo Antônio, conhecido na região como Represa do Broa.
Banhistas estão temporariamente proibidos de acessar represa do Broa, em Itirapina
O decreto abrange toda a extensão da área de banho. A prefeitura orienta os cidadãos a respeitar a interdição e acompanhar as atualizações sobre a situação.
Segundo a administração municipal, os ataques das piranhas podem impactar não apenas aqueles que visitam a represa, mas também os residentes nas proximidades. Medidas de manejo e controle ambiental estão sendo planejadas para reduzir esses riscos.
O empresário Ednilson de Oliveira, de 46 anos, foi uma das seis pessoas atacadas por piranhas. Ele levou uma mordida profunda no calcanhar, no domingo (26), e recebeu atendimento médico no Hospital São José.
Ao, ele relatou uma “dor muito forte” e o sangramento no local da mordida. Morador da cidade, o empresário disse que a represa é um local que frequenta sempre com a família, mas apenas ele entrou na água no dia. Eles estavam próximos da saída de lanchas.
“Eu estava com minha esposa e filho e, por volta das 16h, decidi entrar na água. Estava no raso, com a água pouca coisa acima do joelho quando, depois de alguns minutos, senti uma dor muito forte no calcanhar, como uma mordida mesmo. Quando levantei o pé vi uma piranha que em seguida pulou na água. Meu pé sangrou muito, tirou um pedaço da pele mesmo, enrolei uma toalha e fui para o hospital. Me disseram que não é o primeiro caso que aparece por lá”, contou.
No momento, Ednilson está medicado com anti-inflamatórios, antibióticos e um curativo diário deve ser feito até a ferida cicatrizar. “Agora é fazer o tratamento para não infeccionar “, disse.
Entenda como foi o ataque de piranhas
Entre sábado (25) e domingo (26), cinco adultos e uma criança ficaram feridos após o ataque de piranhas enquanto nadavam na represa. De acordo com a administração municipal, a maioria era turistas de fora, e apenas um caso foi considerado mais grave, com uma pessoa mordida no dedão do pé.
Segundo a prefeitura, duas vítimas foram socorridas pela Defesa Civil e encaminhadas para o Hospital São José. As demais pessoas foram socorridos por recursos próprios.
A designer de moda Ana Caroliny Diniz também foi uma das pessoas atacadas. “De repente eu senti um ataque no meu pé e dei um grito. Ergui o meu pé e vi uma mordida. Rapidamente sai da água e chamei os bombeiros. Eles falaram que já tinha essa piranhas ali, mas deveriam ter colocado um aviso falando da profundidade que elas podem atacar”, disse.
Mapeamento de locais
A prefeitura informou que, para garantir a segurança dos banhistas, as autoridades locais estão mapeando as áreas de desova de piranhas e implementando sinalizações para evitar que os banhistas ingressem nessas regiões.
O alerta se faz necessário após recentes ataques ocorridos durante a piracema, que é o período de reprodução das piranhas, típico nesta época do ano.
Espécie pirambeba
De acordo com o professor de hidrobiologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Alberto Carvalho Peret , a espécie de piranha da represa do Broa é conhecida como pirambeba e não tem perfil agressivo.
“Elas não são tão agressivas quanto as piranhas do Nordeste e se apresentam em cardumes pequenos de de 3 a 20 . O comportamento delas é pegar filés de animais maiores, eles tiram pequenos pedaços e não atacam massivamente. Mordem e fogem, são mais mansas. Até o barulho de pessoas balançando a água, que simulam movimentos de peixes, atraem as piranhas”, comentou.
Segundo o professor, o aumento da a pirambeba na região aumentou devido a introdução de outros espécies de peixe, como o tucunaré, típico da bacia amazônica.
“Todos sofrem alteração devido a uma pequena introdução de novas espécies que estabelecem novos sistemas de relação no ambiente. Evidentemente que essa aglomeração de piranhas não existia antes, eram raras nas coletas e agora se tornam intensas. Os pescadores pescam pirambebas de 300g a 400g”, disse.
Outras cidades da região já registaram ataques anteriormente, como Pereira Barreto (SP) e Santa Cruz da Conceição (SP), mas esses incidentes são raros no Broa e considerados isolados.
A Prefeitura isolou uma área de cerca de 50 metros na faixa de areia para evitar novas vítimas. Os ataques aconteceram próximo ao Ecoponto e área de pesca.
“Aqui aconteceu 5 das 6 ocorrências e, por ser um lugar onde pescadores ficam para atrair os peixes, pode ter cooperado para tudo isso acontecer. E por ser um caso novo estamos atrás de especialistas para fazer os levantamentos e realizar ações e trabalho bem feito sobre esta ocorrência”, comentou Issac Lima, secretário adjunto de Turismo.
Fonte: Agência Brasil