Fenômeno que impressionou moradores da cidade é um BLEVE e poderia ter sido evitado.
Acidente matou homem de 51 anos e deixou outras 21 pessoas feridas na quarta-feira (30).
A bola de fogo que subiu após a explosão de um caminhão em um posto de combustíveis e impressionou moradores de várias partes da cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo, na noite de quarta-feira (30), é uma característica de uma explosão do vapor de expansão de um líquido sob pressão (BLEVE, na sigla em inglês), que também gera uma grande onda de choque que causa destruição onde alcança.
O acidente matou um caminhoneiro de 51 anos deixou outros 21 feridos, sendo que um continua internado. A Polícia Civil investiga as causas.
Segundo o especialista na área de riscos e segurança e autor de livros sobre gerenciamento de riscos na indústria de petróleo e gás Gerardo Portela da Ponte Junior, quando um tanque de combustível é aquecido por incêndio externo, o calor gerado pelo fogo faz com que o combustível que está no tanque se aqueça e entre em ebulição, gerando vapores que elevam a pressão interna do tanque até a sua ruptura.
Quando isso ocorre, todos os vapores e líquidos do tanque são lançados ao ar formando instantaneamente uma nuvem de combustível. A presença de chamas incendeia subitamente essa nuvem, gerando uma grande explosão com ondas de choque com alto poder destrutivo.
A explosão pode ser vista de vários pontos da cidade e a bola de fogo que subiu após a explosão foi comparada por alguns moradores a uma bomba nuclear. Segundo a Defesa Civil, o barulho pôde ser ouvido a 15 quilômetros do local da explosão. Há relatos de pessoas que sentiram o tremor causado pelo impacto a 2,5 quilômetros.
Tamanha intensidade de impacto, segundo Portela, é causada pela força com que o gás sai e encontra o fogo.
“O combustível está lá fechado na temperatura ambiente, quando você tem um pequeno incêndio no pneu, como as imagens mostraram, ele começa a aquecer. É como colocar uma chaleira no fogão, mas é uma chaleira de combustível e, como o tanque não tem saída alguma, ele vai ficando muito pressurizado e aí ou a tampa se rompe ou há uma falha em uma solda e toda aquela pressão sai de uma vez só, como se fosse um sopro”, disse o especialista.
“Como lá fora tem fogo, o gás queima todo de uma vez e de forma muita rápida, que cria uma onda de choque devastadora. Quando ele sai é como uma esfera de gás por isso que tem aquele formato redondo e isso é que gera a onda de choque porque o ar é deslocado e vai derrubando tudo”, afirmou Ponte Junior.
De acordo com Portela o tamanho do impacto da onda é diretamente proporcional ao volume de combustível, que pelos estragos causados, não era muito alto.
“Os elementos estruturais do posto ficaram de pé, o que desceu foi teto, janela vidro, a onda não foi tão forte assim, se fosse teria derrubado todos os pilares que estavam lá”, afirmou.
Explosão poderia ter sido evitada
Segundo o especialista, o combate ao incêndio deveria ter sido realizado imediatamente ao início do fogo.
“O sistema de freio é forte suspeito de ter provocado o incêndio, se estiver mal regulado pode pegar fogo e passar para o pneu. Outra hipótese é ele ter passado em cima de alguma coisa em chamas e o fogo pegou no pneu. Ele teria que parar imediatamente o veículo e tentar extinguir aquele princípio de incêndio, mesmo que fosse na pista”.
“Caminhão de carga perigosa tem que ter extintores e o motorista tem que ser treinado para fazer o combate porque mesmo que ele estiver com fogo pequeno, ele está perdendo tempo e aquecendo a carga e se não acabar logo com esse princípio de incêndio, vai escalonando, vai crescendo, a temperatura vai aumentando até o tanque se romper e todo aquele vapor pronto pra explodir vai para o ar, que foi o que aconteceu”, explicou.
Explosão no Posto Confiante na Rodovia WL assusta moradores de Rio Claro
Fonte: G1 São Carlos/Araraquara