Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), salienta que a vitória de Javier Milei nas eleições argentinas não deve enfraquecer as relações comerciais com o Brasil, pois os países são grandes parceiros econômicos e têm laços muito profundos. Para ele, é fundamental fortalecer o Mercosul e implementar com urgência o acordo firmado entre o bloco e a União Europeia. “Diferenças ideológicas entre governantes jamais devem ser obstáculos ao diálogo e à interação em favor do desenvolvimento”, enfatiza.
No aspecto de fortalecimento do bloco sul-americano, é importante recompor as cadeias regionais e globais de fornecimento, afetadas por questões internacionais. Em especial, pelas guerras. Outro aspecto relevante, está na promoção de importações dentro do Mercosul, entre os países membros. Isso atrairá, pela consistência, o interesse não apenas europeu, mas de todo o mundo.
Para Cervone, o acordo com a União Europeia terá grande importância para a economia e a indústria regionais. Será eliminada a maior parte das tarifas dos bens manufaturados no comércio bilateral. Haverá, ainda, numerosas oportunidades de incremento dos investimentos e exportações, criação de empregos, fomento da produção e aporte tecnológico. “O tratado também contribuirá para a convergência de normas comerciais, significando o alinhamento de nosso país e do Mercosul aos padrões mais avançados nesse campo”, observa.
Segundo Cervone, um diferencial competitivo relevante para o Brasil e o Mercosul refere-se à sustentabilidade. “Nosso potencial no campo da bioeconomia, geração de energia limpa e de fontes renováveis é muito significativo, atendendo a uma exigência crescente dos consumidores e governos europeus, que priorizam cada vez mais os preceitos da produção respeitosa ao meio ambiente, à agenda do clima e ao trabalho digno.
“Portanto, trata-se de um acordo bastante vantajoso para o Brasil e nossos vizinhos”, afirma o presidente do CIESP, concluindo: “É preciso respeitar sempre a democracia e o voto soberano da população. A alternância no poder político é natural e saudável e não pode interferir na agenda crucial do desenvolvimento e do bem-estar dos povos”.