Após laudo apontar edema agudo de pulmão como causa da morte, familiares do servente de pedreiro dizem ver indícios de negligência e pedem apuração rigorosa do caso; Fundação Municipal de Saúde instaurou sindicância.
A morte do servente de pedreiro Edson Santos Pinheiro de Brito, de 36 anos, que foi encontrado sem vida poucas horas após buscar atendimento médico na UPA do bairro 29, em Rio Claro (SP), ganhou novos contornos com o laudo que apontou edema agudo de pulmão como a causa do óbito. A informação consta no atestado de óbito e contradiz, segundo a família, a simplicidade do atendimento prestado, que se limitou à prescrição de colírio, pomada oftalmológica e soro fisiológico.
Neste sábado (31), quando Edson completaria 37 anos, a mãe dele, Cristiane Campos, e o padrasto, Reinaldo Campos, vieram de Araraquara a Rio Claro em busca de respostas. Em entrevista emocionada ao Cidade Azul Notícias, Cristiane desabafou:
“Hoje era pra ser um dia de comemoração. Estou aqui tentando entender os últimos momentos de vida do meu filho. Só queremos uma explicação digna, saber o que realmente aconteceu.”
Segundo ela, Edson era um homem alegre, querido por todos e, apesar da distância física, mantinha contato frequente com a família. “Mesmo afastado, sempre dava um jeito de mandar mensagem. Ele dizia que estava feliz, trabalhando, e que queria nos reunir para um almoço em família.”
A mãe destacou que Edson lutava contra o alcoolismo desde os 20 anos, enfrentando altos e baixos. “Ele era técnico em Radiologia, um menino estudioso. Teve recaídas, sim, mas nunca desistimos dele”, contou.
Além da dor da perda, Cristiane afirma que o que mais machuca é a incerteza. Ela não busca indenizações, mas quer que o atendimento pelo SUS seja digno e igualitário para todos. “Minha luta agora é para que ninguém mais passe por isso. Não importa se a pessoa está em situação de rua, todos têm o mesmo direito à saúde.”
A comoção nas redes sociais foi grande, e comentários de populares reforçam a indignação diante da morte de Edson. Em uma das aparições públicas, ele participou de uma reportagem sobre a dengue, elogiando o atendimento da UPA da 29, mas criticando a estrutura física da unidade. O destino, agora, cobra respostas sobre a assistência prestada a ele naquele mesmo local.
A Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro, após ser questionada sobre o caso, informou que abriu uma sindicância para apurar os fatos e reiterou que o paciente relatou queixas oftalmológicas, sendo atendido conforme protocolos médicos. Em nova nota, a fundação afirmou:
“Estamos à disposição para esclarecer os fatos e nos solidarizamos com a dor da família. Assim que a sindicância for concluída, o resultado será apresentado aos familiares.”
A morte de Edson foi registrada no atestado de óbito como: colhido Exames Toxicológicos; edema agudo de Pulmão.
Direito de resposta:
A reportagem respeita o direito de manifestação da Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro, que pode encaminhar novos esclarecimentos ou informações complementares sobre o caso.