No dia 17 de dezembro de 1981, durante solenidade realizada na catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, recebi o suado canudo de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo. Completarei brevemente, portanto, 40 anos de carreira na profissão com a qual sonhava desde a adolescência e consegui exercer graças a muita luta, um pouco de talento e, principalmente, ao apoio dos meus pais, Lourival – o “Louro” – e Aidéa – a eterna e inesquecível dona “Aidê”.
Na época, a porta de entrada no mercado era o estágio nos jornais, rádios e emissoras de televisão. Eu, porém, ingressei na carreira por onde a maioria terminava: o setor de assessoria de imprensa.
Ao contrário de hoje, em que os vínculos políticos, de amizade ou mesmo familiares determinam boa parte das indicações para cargos públicos, conquistei minha primeira oportunidade de trabalho com a cara, a coragem e uma lista telefônica. Numa ensolarada tarde de outubro dois meses antes da formatura, resolvi ligar para todas as secretarias da prefeitura carioca e tentar a sorte. Obviamente, segui a ordem alfabética e disquei o número da Secretaria Municipal de Administração, onde fui atendido justamente pelo chefe da assessoria, o jornalista e consagrado escritor Álvaro Ottoni de Menezes, que lançava seu primeiro livro – “A Árvore que Fugiu do Quintal”, logo transformado em best seller da literatura infantil.
“Alvinho” – como os amigos o chamavam – concordou em me receber e, diante da minha determinação quase obstinada, abriu caminho para essa trajetória profissional de quatro décadas. Logo viramos amigos, e nem mesmo o tempo e a distância diminuíram a gratidão e o carinho que sinto por ele.
Toda essa introdução, além do registro histórico, teve a finalidade de pontuar minha experiência na comunicação pública, atividade que, salvo raríssimas e honrosas exceções, leva a culpa pela esmagadora maioria dos fracassos de mandatários e gestores dos poderes executivo e legislativo.
Quem, por exemplo, nunca ouviu ou pronunciou frases do tipo “não conseguimos a reeleição porque faltou divulgar melhor o que fizemos”? A desculpa do aleijado, ensina o antigo dito popular, é a muleta. No caso de vários políticos e assemelhados, qualquer tropeço entra na conta da comunicação quando, geralmente, faltou competência, estratégia e planejamento nas ações de governo.
Comunicação, distintos leitores, não superfatura contratos, não direciona licitações, nem pratica atos de corrupção ou aprova projetos impopulares e direcionados a atender interesses, nem sempre republicanos. Uma boa consultoria nessa área pode, no entanto, apontar saídas para crises e, principalmente, antever riscos e orientar os donos da caneta.
Sem contar que muitos confundem propaganda com marketing, tema a ser tratado em ocasião oportuna.
Como dizia o coelho Pernalonga, por hoje é só, pessoal.
Colaborador: José Rosa Garcia é jornalista e Diretor Executivo da Alpha G Consultoria e Comunicação