Por: William Nagib Filho
Até as eleições que se avizinham, candidatos e simpatizantes polarizados prometem de tudo um pouco, especialmente as turmas mais energizadas do “capitão sem proposta” e do “condenado narcisista”.
As Fake News fazem parte desse processo todo e ganham mais força à medida em que o dia de votação vai se aproximando. Vale tudo para ganhar o voto. Pesquisadores receiam sobre conteúdos enganosos e sua proliferação, driblando, inclusive, restrições e sistemas até então existentes.
Enquanto o bem polêmico (respeitados críticos temem pela redução da liberdade de expressão e privacidade) projeto de Lei das Fake News (PL 2630/2020 já aprovado no Senado) não avança na Câmara, o Tribunal Superior Eleitoral – TSE vem se armando para enfrentar esse cenário beligerante e perigoso, dentro de uma subdivisão bem interessante de 7 tipos de Fakes.
O primeiro subitem é o de conteúdo enganoso, ou seja, a Fake incompleta, que faz uso de fragmentos de citações ou estatísticas de forma distorcida para justificar um ponto de vista.
A de contexto falso, por sua vez, é a Fake que faz uso de um conteúdo verdadeiro, mas a apresentação se dá de maneira a enganar o destinatário, com legendas, por exemplo, desassociadas da imagem real.
Já a de falsa conexão é aquela Fake que atrai o incauto logo de cara, apresentando um título de texto ou vídeo que não é condizente com o restante do conteúdo, mas daí já é tarde, pois o leitor já clicou e deu visibilidade. A satírica ou de paródia provoca risos de início, mas a enorme viralização faz com que essa espécie de Fake passe a ser compartilhada como se fosse uma verdade.
A de conteúdo fabricado é a 100% falsa, como ocorre com aqueles vídeos gerados com inteligência artificial. Já a Fake manipulada pega fotos e vídeos autênticos e os altera digitalmente, promovendo cortes, alteração de velocidade da voz transformando um personagem em alguém engraçado ou embriagado, por exemplo.
Por fim, a Fake de conteúdo impostor é bem perigosa, pois envolve imitação de pessoas públicas, instituições e veículos de comunicação através da criação de perfis falsos que darão credibilidade à desinformação.
Para os que se preocupam em conhecer a verdade e fugir das Fakes, eis algumas dicas trazidas pelo jornal “Estadão” de domingo passado: evitar o impulso diante de boatos alarmistas e que buscam provocar indignação. Avaliar a origem da informação e quem compartilhou o conteúdo também é importante. Verificar a linguagem é um bom referencial: letras diferentes, erros de português e pontuação equivocada merecem atenção. Qualidade ruim de fotos e vídeos podem transparecer montagem ou manipulação. Acompanhar sites de checagem e pesquisar no Google palavras chave ligadas à informação é um método bem legal também, como igualmente acionar diretamente os sites “checadores”, nos quais existam jornalistas confiáveis ativados.
Como dito por Christine Peter, ligada ao TSE, “todas as energias estão voltadas à questão da desinformação e da erosão democrática por meio das fake news”. Dias atrás o Telegram firmou termo de adesão com a Justiça Eleitoral visando o enfrentamento da desinformação.
É por isso que os segmentos da sociedade – que ainda acreditam na preservação do verdadeiro regime democrático das liberdades públicas – devem ser parceiros do Judiciário e das plataformas que arrimam as redes sociais, incentivando, por exemplo, que escolas de todos os níveis promovam, o quanto antes e todo o tempo, amplo debate entre crianças, adolescentes e adultos acerca do que é informação e o que é desinformação e como verificar tudo isso de forma segura.
Conhecendo um pouco mais sobre as Fakes, suas variantes e sistemas de verificação e constatação, já se pode defender bandeiras, candidaturas e informações de forma mais segura e responsável quando for para tirar conclusões e, principalmente, antes de sair compartilhando o que recebeu sabe-se lá de quem.
William Nagib Filho – Advogado