Seis escolas fecham apresentações no carnaval fora de época.
Com uma homenagem a seu presidente de honra, o cantor e compositor Martinho da Vila, a Unidos de Vila Isabel encerrou, na madrugada deste domingo (24), o desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. O samba-enredo Canta, Canta, Minha Gente! A Vila é de Martinho, tocado pelo carnavalesco Edson Pereira, a escola convidou: “Ergue a cabeça, então, comunidade, e pisa forte na avenida! Ginga, samba, semba! Arranquem do peito o grito preso e cantem alto com orgulho a força e a fé da nossa negra-alma-samba, deixando qualquer tristeza pra lá! É dia do teu Martinho, Vila! Incendeia a Sapucaí, vamos pra cima e sim, bora kizombar!”.
Antes da Vila Isabel, cinco agremiações passaram pela Marquês de Sapucaí. A primeira foi a Paraíso do Tuiuti, que levou para a avenida o enredo Ka ríba tí ÿe – Que Nossos Caminhos se Abram, do carnavalesco Paulo Barros. O enredo presta homenagem aos homens e mulheres pretos que marcaram a história da humanidade “porque escolheram os caminhos da determinação, da beleza, do conhecimento. Eles afirmam, em suas trajetórias, o poder da origem, os ensinamentos dos orixás e daqueles que povoaram o mundo, trazendo, em suas almas, a diáspora africana”. As cores da Paraíso do Tuiuti são amarelo ouro e azul pavão.
Em seguida, desfilou a Portela, com o enredo também de tema africano Igi Osè Baobá, dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage, celebrando a árvore da vida e da resistência, o baobá. O enredo homenageia os fundadores da azul e branco, que são os antepassados, a velha guarda, “os guardiões de suas memórias.” As baianas, a herança das antigas festas, profanas e sagradas. Ao som do batuque da bateria, o suor dos passistas verte nossa ancestralidade. E até hoje, sempre que os sambistas se unem de mãos dadas, sentem reverberar em suas almas a energia primordial unindo a África e o Brasil, como bons filhos da diáspora que todos somos. O samba respira como um velho aobá”, diz o enredo. A escola é a mais antiga do estado do Rio de Janeiro, tendo sido fundada em 11 de abril de 1923.
Terceira escola de samba a passar pela Marquês de Sapucaí, a Mocidade Independente de Padre Miguel fez do Batuque ao Caçador seu enredo para o carnaval fora de época deste ano, tendo Fábio Ricardo como carnavalesco da escola. O enredo presta homenagem aos ritmistas de ontem, de hoje e de sempre que compõem a alma da escola verde e branca.
Também destacando as cores azul pavão e amarelo ouro, a Unidos da Tijuca foi a quarta escola a pisar a Passarela do Samba, com o enredo Waranã – A Reexistência Vermelha, criado pelo carnavalesco Jack Vasconcelos e que é uma ode aos povos indígenas. A Unidos da Tijuca foi fundada no dia 31 de dezembro de 1931.
Fala Majeté! Sete Chaves de Exu, dos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad, foi o enredo que a Acadêmicos do Grande Rio levou para a Marquês de Sapucaí no segundo dia de desfiles do Grupo Especial, “transbordado com expressões e falas retiradas do documentário Estamira, de Marcos Prado, além de fragmentos de poemas, canções e pontos de macumba”. As cores principais da agremiação são o vermelho, verde e branco. Com a quadra no município de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, a Grande Rio é uma das escolas mais novas do estado, fundada em 1988.
Apuração
A apuração dos votos dados às escolas de samba no carnaval deste ano está prevista para a próxima terça-feira (26),com a divulgação do resultado final pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).
A programação do carnaval carioca de 2022 termina no sábado (30), com o desfile das campeãs.