Embora meteorologistas da região de Dubai sustentem a hipótese de que o temporal histórico no país desértico tenha sido causado pela técnica artificial de se produzir chuva artificial, especialistas apontam que a causa mais provável do que se viu dias atrás tenha a ver com as notórias e perceptíveis mudanças climáticas.
Na Europa, o aquecimento acelerado leva a temperaturas que crescem o dobro da média global. Os Alpes perderam 10% de seu gelo nos últimos dois anos. Março de 2024 foi o 10º mês consecutivo com recorde mensal de altas temperaturas, com alta de mortes ligadas ao calor. Sem contar perdas humanas ligadas a tempestades, cheias e incêndios florestais, bem como por doenças bronco respiratórias em decorrência da poluição atmosférica.
Isso tudo reforça a ideia de que, se não houver ações rápidas, não seremos capazes de evitar que o aquecimento global ultrapasse um aumento de 1,5º com relação ao século 19, com graves consequências.
Agir rápido é cortar substancialmente as emissões de gases do efeito estufa que provocam o aquecimento global (o mais comum é o gás carbônico, por isso o termo “carbono” passou a ser sinônimo da questão climática toda).
A “pegada” de carbono é o termo que diz respeito à quantidade de carbono emitida todos os dias pelas pessoas, empresas ou qualquer tipo de atividade. Uma série de indicadores servem para mensurar a “pegada”.
Para você leitor, um exemplo comum é a alimentação: comendo um prato de arroz geramos gás carbônico, antes já havendo liberação pela plantação, por quem colheu, pela máquina que refinou o grão e gerou gases, pelo caminhão que levou ao mercado, pelo meio que fomos até o local de compra, preparação do produto e por aí vai.
Conhecendo cada um qual é a sua “pegada”, a solução passa pela conjugação de duas ações pontuais: reduzir a emissão de gases e, no caso daquilo que não se conseguir, apesar dos esforços (empresas principalmente), compensar com créditos de carbono: cada tonelada de gás carbônico corresponde a um crédito, para venda ou compra. Quem fez o dever de casa e tem sobrando, vende para quem precisa porque não conseguiu bater a meta de redução.
A ideia, portanto, é diminuir a liberação de gases nas atividades e compensar carbono, na busca da neutralidade, ou seja, balanço zero de gases emitidos e de gases retirados da atmosfera por meio da geração de créditos de carbono, a partir de atividades que causam impacto inverso no meio ambiente e geram créditos positivos: desmatamento evitado, plantio de árvores nativas, manejo sustentável do solo, logística reversa, gerenciamento de resíduos sólidos, proteção às nascentes e córregos, substituição da matriz energética, etc.
Quer um exemplo próximo: a Orquestra Filarmônica de Rio Claro fará compensação de carbono no Concerto do Aniversário da Cidade, no dia 24 de junho. Será mensurado o quanto de emissão de carbono ocorrerá com a realização do evento: desde o consumo de energia elétrica para iluminação e sonorização, passando pelo deslocamento de grande público consumidor no local e circulação de veículos no entorno do Espaço Livre durante o ensaio e apresentação da Orquestra, dentre outros critérios de aferição do impacto causado ao meio ambiente.
A compensação de carbono se dará mediante o plantio de mudas de árvores nas proximidades do Espaço Livre, reduzindo e neutralizando os gases poluentes emitidos com a realização do show, trazendo sensibilização à população sobre tão importante temática.
Pode ser singelo, mas representa muito como forma de contribuição para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13, isto é, “ações de combate à mudança global do clima.” A um só tempo contribui para se atingir o chamado Net-Zero, grito de guerra na luta contra as mudanças climáticas, onde os gases de efeito estufa emitidos na atmosfera devem ser equivalentes aos gases de efeito estufa sendo removidos.
Cada um na sua “pegada” e no seu papel e responsabilidade, é sempre bom lembrar das grandes oportunidades existentes nessa onda de descarbonização, até porque só temos até 2050 para cortarmos drasticamente o lançamento de “carbono”, senão…..
Colaboração: William Nagib Filho – Advogado