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Consumo inadequado de iodo coloca em risco saúde de gestantes e bebês, revela pesquisa

Erros no armazenamento e substituição do sal de cozinha por temperos industrializados estão entre as causas da deficiência.

Pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP identificou que uma parcela significativa das gestantes atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade apresenta níveis inadequados de iodo, nutriente essencial para o desenvolvimento saudável do feto.

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O estudo foi conduzido pela pesquisadora Ana Carolina Momentti, doutoranda em Nutrição e Metabolismo pela FMRP, que avaliou a ingestão de iodo em 266 gestantes frequentadoras de unidades públicas de saúde de Ribeirão Preto. Os resultados, publicados em artigo da Biological Trace Element Research, mostraram que 38% apresentavam ingestão insuficiente do mineral, enquanto 28% o consumiam acima do recomendado. Apenas cerca de 34% estavam nos níveis ideais. As concentrações do nutriente foram analisadas em amostras de urina das gestantes.

Ana Momentti informa que o iodo atua na formação dos hormônios da tireoide, fundamentais para o desenvolvimento do sistema nervoso do bebê, e sua deficiência durante a gestação está relacionada ao hipotireoidismo, aborto, prematuridade e restrição de crescimento fetal.

Por meio da análise de estudos referenciais, os pesquisadores destacaram algumas das causas da má ingestão do iodo: fatores alimentares, ambientais, sociais e os relacionados à saúde pública. O trabalho verificou que gestantes de baixa renda, menor escolaridade e autodeclaradas pretas e pardas são mais propensas a não utilizarem o sal iodado, principal fonte alimentar de iodo. Aquelas com maior número de filhos ou com intervalos curtos entre as gestações também apresentaram maior risco de deficiência devido à alta necessidade de iodo.

Como a dieta é a principal fonte do iodo, os fatores alimentares e ambientais influenciam, já que a quantidade desse nutriente nos alimentos pode variar bastante, inclusive dentro de uma mesma região, devido a influências do clima e das condições geográficas. A concentração de iodo nos alimentos está relacionada a diversos aspectos, como a presença do mineral no solo, o uso de fertilizantes, a suplementação na alimentação animal e o emprego de sal iodado.

Peixes, frutos-do-mar, algas, leite e derivados são reconhecidos como boas fontes de iodo. No entanto, nem sempre estes alimentos estão disponíveis para grande parte da população, já que peixes e frutos do mar são mais oferecidos nas faixas costeiras. Enquanto isso, o teor de iodo no leite pode ser impactado por fatores como o manejo das propriedades rurais, o tipo de criação animal, a estação do ano e a quantidade de iodo presente no ambiente.

Consumo de álcool e temperos industrializados

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que regula o teor de iodo no sal de cozinha para consumo humano, estabelece que o produto deve conter entre 15 e 45 microgramas (mg) de iodo por quilo, entretanto, a recomendação é que gestantes consumam cerca de 200 mg a 250 mg de iodo diariamente. Assim, durante a gravidez, a necessidade aumenta em até 50%.

O aumento da ingestão de iodo na gestação se justifica uma vez que a insuficiência do mineral intensifica o risco de aborto, parto prematuro, restrição do crescimento intrauterino, hipotireoidismo materno e fetal, e atraso no desenvolvimento neurológico do bebê. Da mesma forma, continua a pesquisadora, “o excesso de iodo também está associado ao maior risco de parto prematuro, aborto e alterações na função da tireoide materna e do bebê”.

Pela importância do mineral para a saúde humana, no Brasil, desde a década de 1950, uma política pública determina a adição de iodo ao sal de cozinha. Existe ainda o Programa Nacional para a Prevenção e Controle dos Distúrbios por Deficiência de Iodo (DDI) – Pró-Iodo, reformulado pela Portaria GM/MS nº 2.362/2005, que pretende eliminar os DDI. A iniciativa é coordenada pelo Ministério da Saúde em colaboração com diversos órgãos e entidades, incluindo a Anvisa.

No entanto, a pesquisa da FMRP mostrou que, mesmo com as políticas públicas, muitas gestantes não apresentam a quantidade ideal do mineral em seus organismos. Entre as causas para o problema, Ana informa que identificaram o consumo de álcool na gestação, o uso de temperos industrializados como fonte alternativa ao sal de cozinha e a forma inadequada de armazenamento do sal como “fatores de risco para a concentração insuficiente de iodo urinário” – análise laboratorial que mede a quantidade de iodo excretada na urina.

A pesquisadora informa que aqueles que consomem álcool têm 6,59 vezes mais chances de desenvolver insuficiência de iodo em comparação com quem não consome, valor considerado significativo. Já o baixo consumo de sal iodado (20,3%) contra o alto consumo de temperos industrializados (74,3%), seja em adição ou substituição ao sal de cozinha, também explicam as baixas concentrações de iodo entre as gestantes.

Políticas da iodação do sal precisam ser revistas

Segundo Ana, os resultados que obteve indicam que os programas de fortificação do sal precisam ser revisados e reforçados, principalmente para garantir que grupos mais vulneráveis, como as gestantes, tenham acesso adequado ao iodo. A pesquisadora recomenda ainda que mais campanhas de conscientização sobre a importância do sal iodado e de manutenção de hábitos saudáveis durante a gravidez sejam implementadas, evitando consumo excessivo de sal e temperos industrializados.

O estudo reforça também a importância do acompanhamento nutricional durante o pré-natal, além do destaque à necessidade de políticas públicas mais eficazes para garantir que todas as gestantes recebam a quantidade de iodo necessária para proteger sua saúde e a de seus bebês.

Orientador da pesquisa, Anderson Marliere Navarro, professor da Divisão de Nutrição e Metabolismo da FMRP, acredita que as políticas atuais sobre a iodação do sal contribuem de forma importante para a redução da deficiência de iodo na população, mas não garante que todas as gestantes estejam na faixa de adequação. “Seria importante melhorar a monitorização e fiscalização da iodação do sal, orientar sobre o armazenamento adequado do sal e considerar a suplementação individualizada para gestantes com deficiência”, afirma.

Navarro informa que o estudo continua com o objetivo de investigar os desfechos perinatais, neonatais e de lactentes das gestantes que participaram do estudo inicial, com até seis meses de vida, e que se encontravam com estado nutricional de iodo indicativo de insuficiência e excesso durante a gestação.

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