Sem transporte diário, com estradas precárias e espaços públicos abandonados, população de Itapé exige ações efetivas e reclama ausência de vereadores em reunião comunitária.
Na última sexta-feira (17), a comunidade do Distrito de Itapé, em Rio Claro, se reuniu na antiga Estação Ferroviária para discutir problemas que há décadas afetam o bairro rural e que, segundo os moradores, seguem sem solução. O encontro contou com a presença de cerca de 30 pessoas, entre elas o representante do Sindicato Rural, Hygor Oehelmeyer, o morador Airton, responsável pelas demandas do bairro, e a organizadora da reunião, Janaína Siqueira.
O principal tema em pauta foi o transporte. Moradores relataram que o distrito é um dos poucos que precisa pagar pedágio para circular dentro do próprio município e que o transporte público só passa por Itapé uma vez por semana — situação que vem sendo motivo de críticas e até de piadas, já que o nome “Itapé” virou alusão à expressão “I?-tapé?”, usada pelos moradores para ironizar o esquecimento do bairro.
A falta de transporte diário impacta diretamente a vida da população. Muitos moradores não conseguem trabalhar fora do distrito, e jovens estão impedidos de frequentar cursos profissionalizantes e faculdades. Durante a reunião, foi solicitada a implantação de transporte todos os dias para atender às necessidades básicas da comunidade.
Outro ponto discutido foi o abandono dos espaços públicos. Quadras, campo de futebol e áreas de lazer estão em situação de total descuido, sem manutenção há décadas. De acordo com relatos, a Secretaria de Esportes não realiza investimentos na região há muito tempo, o que contribui para a falta de opções de lazer e convivência.
A precariedade das estradas também foi destacada, especialmente com a chegada das chuvas, quando muitas vias se tornam intransitáveis. Os moradores pedem uma ação urgente da Prefeitura para garantir o acesso e a segurança no deslocamento diário.
O atendimento médico no distrito foi outro tema de destaque. Apesar de haver um posto de saúde, a estrutura é considerada insuficiente. A dificuldade para realizar exames laboratoriais e conseguir atendimento especializado em Rio Claro tem levado muitos pacientes a interromper tratamentos por falta de transporte e condições adequadas de deslocamento.
Mesmo com todos esses problemas, nenhum representante do Legislativo compareceu à reunião — fato que gerou indignação entre os presentes. “A população se sente desamparada. Os vereadores só aparecem em época de eleição”, afirmou Janaína Siqueira, uma das organizadoras do encontro.
Em publicação nas redes sociais, o representante do Sindicato Rural, Hygor Oehelmeyer, destacou a importância da mobilização e da formalização das demandas. “Durante a conversa, reforçamos a importância de documentar e formalizar as solicitações por meio de ofícios, fotos e registros. Quando nos organizamos e trabalhamos em união, as chances de sermos atendidos são muito maiores”, escreveu.
A reunião foi encerrada com o compromisso dos moradores de continuar mobilizados e cobrar respostas do poder público, na esperança de que as reivindicações históricas de Itapé finalmente saiam do papel.