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Fusca Verde

Outro dia meus filhos apareceram com uma novidade (eles sempre têm uma): quem visse um fusca verde poderia beliscar o outro e fazer um desejo. Rapidamente pensei, nesses tempos, quem vai encontrar um fusca, ainda mais verde, rodando por aí? Ledo engano, caro leitor. Ledo engano.

Mal feito o trato, eu conduzindo meu carro, cada um viu um, levei dois beliscões e eles tiveram seus desejos secretos. Andando pelas ruas, os fuscas verdes começaram a brotar de todos os lugares, as pencas, nos mais variados tons, inclusive alguns pastéis duvidosos que geraram discussões ópticas.

Com o tempo começamos memorizar onde havia fuscas verdes em estacionamentos, garagens, ruas e tudo mais. Houve quem quisesse levar alguma vantagem, sabendo os lugares, anunciando o dito fusca antes que fosse visto. Mas, civilizados, estabelecemos regras que vigoram bem.

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É claro, também, que eu, como motorista oficial, posso escolher os caminhos que levam de um ponto a outro da cidade, mas nem sempre isso se apresenta como ganho, já que filhos têm olhos e ouvidos melhores para o que querem ver e ouvir.

Veio mais uma novidade: fusca rosa, dez beliscões e dez desejos!

Eu, para dar um pouco mais de emoção, sugeri que um fusca preto anulasse os desejos ainda não concedidos, mas minha filha prontamente respondeu: “Cê tá louco, pai?” – com um ar perplexo que quase fez com que me sentisse mal.

O mais incrível da história é que, sempre que me lembro de fazer o desejo, e tem alguém do lado beliscável (cuidado, cuidado!), funciona, acontece! É fato que nenhum de nós, até onde eu saiba, pediu para ganhar na mega ou encontrar o grande amor. Mas quase todos os desejos que fiz, aconteceram ou, estou certo, vão acontecer.

Apesar de passar a maior parte do dia sentado em minha sala trabalhando, é comum ver mais de dez fuscas verdes por dia, às vezes quinze ou vinte! Contando com branco, amarelo, azul, ocre-mararajó, vermelho… somam uma quantidade inimagináveis de fuscas que existem aqui e nas demais cidades.

Conversando, chegamos a algumas conclusões: há mais fuscas verdes entre um bairro e outro do que imagina sua vã filosofia, basta apenas querer vê-los; desejos bem formulados são (quase) sempre atendidos; e pôr fuscas pretos na brincadeira não é um bom negócio (crianças são sábias!).

Portanto, meus caros, fica a sugestão: atenção aos fuscas verdes – eles existem! Agora, fusca rosa… Fusca rosa é outra coisa.

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Antônio Fais

Colaborador

Escritor, Filósofo, Professor, Especialista em Linguagem e Aprendizagem.

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