Empresas pretendem repassar, integralmente ou parcialmente, aumento do frete para o preço do produto
O impacto do tabelamento do frete sobre a indústria paulista entre os meses de junho a dezembro de 2018 é estimado em R$ 3,3 bilhões de gasto adicional com frete (19,8%). Este aumento equivale a um gasto mensal adicional com frete de R$ 469,6 milhões, segundo aponta a pesquisa Rumos da Indústria Paulista. Realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a pesquisa consultou 400 empresas.
Ainda segundo o levantamento, se a tabela de preços mínimos do frete for mantida, 55,3% das empresas pretendem repassar, integralmente ou parcialmente, o aumento do frete para o preço do produto. Contudo, esse repasse já é percebido pelas empresas pesquisadas. Metade delas (50,1%) sentiu aumento do preço de insumos quando o valor do frete é pago pelo fornecedor. O impacto foi de 2,0% sobre o gasto com insumo das empresas.
“Depois de três anos pressionadas pelo fraco desempenho da economia, as indústrias paulistas estão com pouca margem para absorver este aumento do preço do frete sem repassar para os preços dos seus produtos. No entanto, este repasse estará ocorrendo em um momento de fraca recuperação da economia, o que deve levar a uma queda das vendas, conforme projetado pelas próprias empresas que participaram da pesquisa”
observa José Ricardo Roriz Coelho, presidente em exercício da Fiesp.
Na semana passada foi aprovada na Comissão Mista a Medida Provisória 832/2018 que institui a Política de Preços Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas. “O tabelamento dos valores de frete representa um grande retrocesso”, afirma Roriz. “Fixar preços mínimos viola o princípio da livre-iniciativa e é ineficaz.”
Do total de empresas escutadas, 24,5% projetam redução das vendas de seus produtos, que podem cair 1,7%. Para que essa queda não seja ainda maior, 14,2% das empresas precisaram dar desconto no valor de seus produtos quando o frete é pago pelo cliente. O desconto representou 0,5% sobre as vendas empresas.
A pesquisa aponta ainda que a maior parte da indústria paulista está sujeita a sofrer impacto do tabelamento do preço mínimo do frete, pois 59,5% das empresas pesquisadas não possuem frota própria para coleta ou entrega de produtos. E, das 39,1% que possuem frota própria, apenas 28,2% afirmaram que sua frota atende totalmente a necessidade de frete da empresa.