Segundo a Cetesb, também foram negadas duas solicitações de regularização por não terem sido atendidas exigências técnicas. Empresa contesta autuações e diz que tem trabalhado para atender exigências da companhia ambiental.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou nesta segunda-feira (15) que a cerâmica onde ocorreram explosões, no último sábado (13), em Limeira (SP), já recebeu duas advertências e cinco multas por operar sem licença ambiental.
De acordo com o órgão, as multas emitidas somam R$ 189.193,00. “Foram emitidos também dois pareceres negados às solicitações de regularização, em razão do não atendimento às exigências técnicas estabelecidas pela Cetesb”, acrescentou.
A companhia acrescentou que a empresa não atendia exigências relativas ao controle da emissão de material particulado (poeiras), como a pavimentação de pátios, fechamento de galpões para armazenamento de argila, fechamento de esteiras de transporte de argila e operação adequada de equipamentos para controle da emissão de material particulado das operações de beneficiamento e prensagem da argila.
Também não atendia à exigência de tratamento dos gases emitidos pelo forno, para remoção de fluoretos, e do adequado armazenamento dos resíduos sólidos, ainda conforme o órgão.
Técnicos da Agência Ambiental da Cetesb de Limeira realizaram na manhã desta segunda-feira (15), uma inspeção na empresa.
O objetivo era verificar se havia problemas ambientais gerados em decorrência do incêndio e explosões. “O que verificamos foram resíduos gerados pelo incêndio, que a empresa deverá dar destino adequado”, informou.
Segundo os profissionais, na localidade estavam três tanques de armazenamento de GLP – Gás Liquefeito de Petróleo -, que explodiram e causaram danos às estruturas do galpão industrial. O imóvel da empresa foi interditado pela Defesa Civil.
A companhia ainda informou que caso a empresa não faça adequação de suas pendências ambientais e volte a operar sem a devida licença serão tomadas as respectivas ações legais.
O que diz a cerâmica
A empresa informou a empresa “vem trabalhando incessantemente no intuito de atender todas as exigências da Cetesb, o que vem sendo feito de forma gradativa”.
Sobre as multas aplicadas, a empresa avalia que são indevidas e diz que houve o atendimento de todas as exigências solicitadas pela companhia ambiental. O caso foi encaminhado ao Departamento Jurídico para discussão judicial sobre o tema.
A cerâmica comunicou, ainda, que a produção está suspensa, sem previsão de volta. A proporção dos danos ainda está em avaliação.
Explosão em Limeira: Crea e Cetesb fazem inspeção no local nesta segunda-feira (15)
Além da Cetesb, a Defesa Civil e o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) realizaram fiscalizações na cerâmica nesta segunda-feira.
A fábrica registrou pelo menos duas explosões em tanques de gás. Os barulhos foram ouvidos nas cidades vizinhas e assustaram os moradores das redondezas. Uma bola de fogo subiu na segunda explosão e gerou efeito de choque.
A Defesa Civil, que já tinha interditado o local neste domingo (14), manteve a decisão.
“A gente teve acesso agora ao interior da empresa com mais segurança e o resultado é que vai permanecer interditado até que providencie uma empresa especializada para fazer os reparos dos danos ocorridos”, afirmou um responsável pelo órgão, Joaquim Correa.
O prazo para que isso ocorra é da empresa, segundo Correa, porque o local está isolado e, então, não há riscos para os funcionários.
O diretor da fábrica, Ricardo Lourenço Coube, lamentou e disse que o local onde houve as explosões estava regularizado.
“Infelizmente não sabemos o que aconteceu, foi uma fatalidade, não temos como explicar o ocorrido. A empresa funcionava normalmente, estava tudo regularizado”, afirmou.
Interdição por falta de AVCB
De acordo com a Defesa Civil, a interdição foi necessária devido ao risco de colapso da estrutura e porque a empresa não tem o auto de vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).
O Corpo de Bombeiros também apontou, neste domingo, que um incêndio provocou as explosões nos tanques de gás. No entanto, ainda não se sabe o que causou o fogo, o que deve ser avaliado em laudo pericial.
A empresa que fornecia gás para a cerâmica também se pronunciou neste domingo e informou que está oferecendo apoio às autoridades legais nas investigações das causas do acidente.
Gerente da cerâmica, Valmir Rauli afirmou que a fábrica estava em processo de renovação o auto de vistoria do Corpo de Bombeiros, que já tinham realizado orçamentos e estavam com “todos os trâmites prontos” para a regularização.
Sobre a interdição, ele comentou que por causa dos danos do telhado provocados pelas explosões, há riscos em deixar funcionários no local e a empresa aguarda o laudo pericial.
Explosão
A explosão atingiu a cerâmica que fica na zona rural de Limeira na noite de sábado. Os vídeos gravados por moradores mostram que uma bola de fogo tomou o céu da cidade e assustou quem estava no entorno.
Equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas para comparecer na indústria, localizada na Estrada Municipal SP-335, e o fogo foi controlado. Por volta da meia-noite era realizado trabalho de rescaldo na empresa. Segundo a corporação, não houve vítimas.
O grupamento informou que houve duas explosões em tanques de gás e que houve danos nestes reservatórios e no telhado da fábrica, que foi todo destruído.
Funcionários informaram que os reservatórios de gás abastecem os fornos da cerâmica.
De acordo com esses funcionários, o fogo teria começado por volta das 21h, após uma primeira explosão. A cerâmica estava em operação no momento do acidente e foi rapidamente evacuada. No momento da segunda explosão, muito maior, não havia mais funcionários no local.
Os bombeiros detalharam que o fogo atingiu três tanques, cada um com aproximadamente 80 metros cúbicos.