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Catador de recicláveis é encontrado morto em Piracicaba

Bombeiros e agentes da Defesa Civil passaram a manhã dessa quarta-feira (20) tentando entrar no imóvel, que tinha acessos bloqueados pelos materiais até o teto dos cômodos.

O catador de recicláveis Paulo Sérgio Garcia, de 52 anos, morava sozinho na casa onde foi encontrado morto em Piracicaba (SP), nessa quarta-feira (20), em meio aos materiais que guardou por mais de duas décadas. Conhecido por todos no bairro Alvorada, ele também doava alguns objetos em bom estado para vizinhos ou a quem necessitasse, segundo relatos de amigos.

“Ele não acumulou tesouro aqui na Terra, mas fez um tesouro no coração da gente. Era uma pessoa agradável de se conviver. Se alguém precisasse de qualquer coisa, sempre estava disponível a ajudar”, descreve a amiga e vizinha, Rosmali Aparecida Bento da Costa.

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Rosmali mora na Rua Elis Regina há 29 anos, em uma casa na mesma calçada da de Paulo. Ela ficou triste por perder o amigo. A dona de casa contou que o catador se mudou para a residência com a família, há aproximadamente, 25 anos atrás. Com o tempo, os irmãos se casaram e ele permaneceu morando com a mãe, que também era coletora de materiais recicláveis. Os dois viviam com a renda do volume que vendiam.

Acessos ao imóvel tomados pelo lixo e dificultaram trabalhos de agentes da Defesa Civil e Bombeiros — Foto: Claudia Assencio/ g1

‘Tragédia anunciada’, dizem amigos

Um bloco de cartas ilustradas, sendo a primeira delas com os dizeres “ansiedade/preocupação”, podia passar despercebido em meio a centenas de recipientes plásticos, garrafas, objetos quebrados, peças, capacetes, cadeiras, pedaços de móveis, ripas de madeira, portas inteiras de ferro e vidro, papéis e outros itens que tomavam todos os espaços da casa.

A vizinha disse que ele a avisava: “Masli, quando você tiver alguma notícia ruim sobre mim, vai ser muito duro de me acessar dentro de minha casa, tem muita coisa”, lembrou.

A mãe de Paulo Sérgio morreu há cerca de uma década. Depois disso, relatam os vizinhos, o catador começou a acumular mais do que vender os recicláveis.

“Ele se viu sozinho desde então, ficou muito triste com a perda da mãe. Quando ela faleceu, a casa já tinha uma grande quantidade de coisas, mas não era assim. As irmãs de Paulo até tentaram ajudar, entrar na casa, se aproximar. Mas, ele não deixava, ficava bravo. Era uma tragédia anunciada”, narrou Rosmali.

Os vizinhos relataram à reportagem que alguns chamados e denúncias aos orgãos públicos foram feitos.

“Quando a mãe dele estava viva, a Sedema chegou a vir, mas ninguém tomou uma atitude em relação ao que estava acontecendo. O pessoal do controle da dengue também passava. Ele falava que não queria que entrasse. Enquanto vizinhos, não poderíamos entrar na casa, que é uma propriedade particular. Teria que ser um órgão específico para conseguir fazer essa limpeza. Mas, nenhum veio”, lamentou Rosmali.

A lavadeira Regimara Fernandes também mora na mesma rua e também é amiga de Paulo Sérgio. Ela e Rosmali, assim como outros moradores do bairro, descreveram a relação com o catador de recicláveis como harmoniosa e bastante presente.

“Tínhamos uma amizade, ele não saía da minha casa. Ia lá lanchar, eu guardava caixas de ovos para ele. Eu gostava muito dele porque era meu amigo. Estou triste, vou sentir falta. Era um ser humano muito bondoso”, disse Regimara.

“Algumas coisas de reciclagem que ele pegava em bom estado, coisas boas, ele até doava para os vizinhos. Víamos, claramente, que era uma pessoa doente e necessitava de tratamento. Foi denunciada a situação à prefeitura, tem vários protocolos feitos”, comentou Rosmali.

O operador de máquinas, Hugo Carvalho, também lamentou a morte do catador. Apesar de não ser amigo próximo de Paulo Sérgio, disse que ele era bastante conhecido por todos na região e que sempre que o encontrava nas ruas, se cumprimentavam.

“Ele era muito descontraído. Eu o conhecia de vista, mas sempre o via pelo bairro. Era trabalhador e recolhia latinhas para vender. No último sábado (16), fui ao Supermercado Arena e até nos cumprimentamos. Sempre falávamos de futebol”, lembrou.

Gaiola

As moradoras contaram que Paulo sofreu um acidente de trânsito há 12 anos e ficou hospitalizado, passou por procedimento cirúrgico para colocar o fixador circular, conhecido como gaiola, em uma das pernas. Equipamento que o catador nunca retirou do corpo.

“Quando saiu para catar reciclados com a bicicleta, um carro bateu nele. Ficou internado e até colocou aquela ‘gaiola’ na perna. Isso foi antes da mãe dele morrer. Depois, não aceitou mais ir ao médico e nunca mais retirou. A irmã até chegou a levar a Santa Casa. Os médicos queriam tirar, mas ele não aceitava”, contou Rosmali.

Últimos encontros

Regimara conversou com Paulo Sérgio no último sábado (16), quando ele afirmou não estar muito bem de saúde.

“Ele disse que estava sem paladar e olfato. Conversei, levei bolo e pão para ele à noite. Ele não dizia que tinha Covid-19. Dizia que tinha pneumonia, que tomaria um chá e tudo passaria, que já ia sarar e já ficaria bom. Não ia ao médico. Não aceitava ajuda. Ele não quis apoio profissional, nunca aceitava ir ao médico”, comentou.

Paulo era chamado de Bin Laden pela semelhança física com o líder da Al-Qaeda e, segundo vizinhos, gostava do apelido que também mantinha escrito na parede coberta pelos objetos que levava para dentro da residência.

‘Família’ de amigos

“Nós éramos a família dele”, disse Regimara. “Para ele, deixo a mensagem de agradecimento pela amizade e o desejo de que esteja em paz. Ele vai fazer falta porque todo mundo o conhecia. Ele era o ‘guarda’ da rua”, brincou.

A dona de casa, Gyselle Almeida, mora no bairro há 11 anos. Ela disse que Paulo recebia alimentação dos restaurantes e padarias do entorno porque era muito querido por todos por ser sempre muito educado. “Ele pedia se podia pegar as latinhas que deixávamos. Sempre muito cordial”, elogiou.

Segundo a dona de casa, Paulo vendia recicláveis, especialmente, para comprar ração para os cinco gatos que moravam com ele.

Gyselle também falou com Paulo Sérgio na última segunda-feira (18). “Por volta das 17h30, eu o vi na rua, ele disse que estava com dor no peito e não sentia nem cheiro nem gosto”, detalhou. Depois, no dia seguinte deu por falta do vizinho.

 

Defesa Civil de Piracicaba estima que serão necessários três dias para retirada dos materiais acumulados em casa de catador de recicláveis — Foto: Claudia Assencio/g1

“Chamamos os Bombeiros. A porta foi arrombada. O molho de chaves, que sempre tinha pendurada no pescoço, estava pelo lado de dentro do portão. Então, tivemos a certeza de que ele estava na casa porque não desgrudava daquelas chaves. Ele não mexia com ninguém. Era bem esclarecido e, curiosamente, bem informado. Ele só não gostava que mexessem nas coisas dele ou na árvore em frente à casa”, relatou.

Gislaine Silva contou que Paulo vendia o que era suficiente para ele. “Arrumava algum saco de latinha para vender e comprar alguma coisa de que precisava e isso bastava para ele, acredito”, afirmou.

Remoção de materiais

As equipes iniciaram um trabalho de remoção do material às 8h e o corpo foi encontrado às 12h40. O trabalho foi dificultado porque o imóvel tinha os acessos bloqueados pelos materiais.

Os bombeiros começaram buscas na noite de terça-feira (19), após serem acionados por vizinhos do homem, que não viram mais Paulo Sérgio Garcia.

Por conta da escuridão durante a noite, os agentes retornaram ao local nesta quarta e começaram a abrir caminho.

Imagens do local mostram entulhos até o teto do imóvel, dificultando a passagem dos agentes. Os bombeiros tentaram acessar o interior do imóvel por pelo menos duas entradas até entrarem.

Balanço parcial da Defesa Civil até a última atualização desta reportagem apontou que foram retirados três caminhões cheios de materiais. Segundo o diretor da Pasta, Odair Mello, cada caminhão suporta, em média, volume de seis a oito metros cúbicos. O órgão também acredita que sejam necessários três dias para completar a limpeza.

“Fomos acionados pelo Corpo de Bombeiros. As equipes estiveram no local na noite de terça-feira (19), por volta das 22h e afirmaram que estavam fazendo buscas para encontrar alguém na residência, mas que o local era de difícil acesso. Segundo informações de populares e de familiares, ali residia um morador que acumulava recicláveis e outros objetos. Começamos a abrir as portas da casa, que estava cheia de materiais inservíveis até o teto. Localizamos um corpo no fundo do imóvel. Aguardamos a chegada da perícia para dizer o que aconteceu”, explicou o diretor da Defesa Civil de Piracicaba, Odair Mello.

A Polícia chegou no local por volta das 15h30 para isolar a área e uma equipe da perícia esteve no imóvel às 15h50 desta quarta-feira (20).

A irmã do morador disse que mora em Rio Claro (SP) e não vinha visitá-lo devido ao material acumulado. A mãe deles, que morreu há 10 anos, morava no mesmo local. O homem possui três irmãs.

“Tem 30 anos acumulando coisa”, contou a irmã do homem, Tania Cristina Garcia.

“A minha mãe ia para minha casa uma vez por ano, ficava lá comigo, mas para cá mesmo eu não vinha, porque ela mesma falava para eu não vir porque não tinha como entrar”, explicou.

Vizinhos relataram que ele vendia e fazia disso renda quando ainda morava com a mãe e um tempo depois disso. Atualmente, segundo os moradores, não era mais comum vê-lo realizando as vendas.


Entulho acumulado em casa de Piracicaba vai até o teto — Foto: Edijan Del Santo/EPTV

Em nota, a Prefeitura de Piracicaba informou que a Defesa Civil foi acionada pelos bombeiros. Odair Melo, coordenador da Defesa Civil, explica que chegou na casa, localizada no bairro Alvorada, às 8h, com caminhão da Sedema, motorista e dois ajudantes e desde então eles tentaram avançar para acessar o interior da residência.

“Há um corredor de um metro de largura, mas o espaço liberado nele é de cerca de 40 centímetros. Estamos tentando limpar para poder, rastejando, acessar a casa”, explicou Mello, antes da localização do corpo.
O lixo ficou espalhado pela rua durante os trabalhos de retirada e para facilitar a remoção pelos caminhões que chegavam até o local. Por causa disso, foi necessário interditar a via.

O corpo foi removido pela funerária e encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). Uma equipe da perícia da Polícia Civil também foi até o local. A causa da morte ainda será apurada.

Fonte: g1 Piracicaba e EPTV

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