Choveu cerca de 100 milímetros em 24 horas, segundo o Inpe. Temporal na segunda (3) destelhou casas, derrubou árvores e postes e provocou falta de água e energia.
A Prefeitura de Caconde (SP) decretou, na tarde desta terça-feira (4), situação de emergência após o rastro de destruição deixado pela chuva de granizo, na segunda (3).
O vendaval destelhou 50 casas, derrubou postes e árvores e deixou parte da cidade sem energia elétrica e água. Os ventos chegaram a 96 km/h e, em 10 minutos, choveu 30 milímetros.
O decreto de 90 dias acelera a liberação de recursos para obras urgentes de recuperação dos locais atingidos.
Prejuízos no comércio e nas casas

O coordenador da Defesa Civil Mateus Ricardo Batista da Silva, cita que os prejuízos estão sendo contabilizados. “Casas destelhadas no beiral, são cerca de 3 dezenas. Com danos maiores, em torno de 12 a 15 casas”, disse.
O dia foi de contabilização de prejuízos e limpeza pela cidade. Uma árvore de médio porte caiu na praça da Matriz e foi retirada durante a manhã pela prefeitura. O trabalho de limpeza deve seguir nos próximos dias.
A estrutura de ferro de um posto de combustíveis também ficou danificada. O local ficou sem funcionar por conta da falta de energia.
Um hotel teve muitas telhas quebradas, que ficaram espalhadas na calçada.
“A gente teve bastante prejuízo, telhado quase todo embora. Ficamos sem luz, água e internet. Nunca tinha visto isso na minha vida. Foi bem assustador”, afirmou o gerente de hotel João Fernando Cantarelli Neto.

Entra as casas destelhadas, está a da dona de casa Miriane Silva. A água invadiu a residência dela e estragou grande parte dos móveis e eletrodomésticos.
“Perdemos tudo. Estamos sem saber o que fazer. Não tem condições de comprar nada agora”, afirmou.
A CPFL informou que reforçou as equipes para restabelecer a energia elétrica o mais breve possível . O tratamento e a distribuição de água já foram reativados, mas ainda pode levar algumas horas para ser normalizado.
Estragos na zona rural

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), choveu cerca de 100 milímetros em 24 horas. O vendaval seguido de queda de granizo e chuva causaram estragos na cidade de pouco mais de 19 mil habitantes.
De acordo com o último Censo Agropecuário, realizado em 2017, Caconde é o maior produtor paulista de café, com 13.958 toneladas anuais.
Em um viveiro, cerca de 40% das mudas de café foram perdidas.O sombrite também ficou danificado e, no período da manhã, ainda havia gelo sobre eles.
“Esse prejuízo de 250 mil mudas é de R$ 250 mil. O lucro foi embora. Eu nunca tinha visto isso em 32 anos”, disse o produtor rural João Carlos Souza.
Formação de granizo
A meteorologista da Climatempo Carine Gama explicou que diversos fatores levaram à queda de granizo na cidade.
“Precisamos de dois ingredientes: temperaturas elevadas e muita umidade, que são favoráveis à formação das nuvens Cumulonimbus. Estavamos ontem com a atuação de cavados meteorológicos em vários níveis da atmosfera, a circulação, principalmente em altos níveis, superior aos seus 10, 15 km de altitude. Além disso, a própria topografia, que é um relevo muito acidentado e o calor em superfície, mais a aproximação de uma frente fria fortaleceram a formação de nuvens mais carregadas que provacaram temporais e uma chuva de granizo bastante intensa”, disse.

Segundo Carine, a condição ainda é válida para esta terça (4). “Temos a frente fria na altura da costa do estado do Rio de Janeiro, um corredor de umidade e seguimos com instabilidade em praticamente todos os níveis da atmosfera, principalmente nos altos níveis. A circulação desses ventos tem favorecido o aumento das nuvens carregadas e de novo segue a possibilidade de queda de granizo”, alertou.
Fonte: g1 São Carlos/Araraquara





