Ocorrências no sistema de esgoto do município aumentam durante períodos chuvosos como o registrado no final de semana em que o acumulado foi de 120 milímetros, acima da média esperada para outubro que era de 109 milímetros.
Um dos grandes vilões para o bom funcionamento do sistema de esgotamento sanitário é a interligação incorreta, ou seja, a mistura indevida e irregular da água de chuva nas redes de esgoto. A informação é da concessionária BRK, responsável pelos serviços de coleta e tratamento de esgoto em Rio Claro, que, durante períodos mais chuvosos, alerta sobre um maior risco de ocorrências de vazamentos, que podem chegar até ao retorno do esgoto em imóveis.
“O número de ocorrências nas redes de esgoto do município chega a ser quase 30% maior em períodos chuvosos”, informa Rodrigo Zangirolami, gerente de operações da concessionária.
A ligação irregular da água de chuva na rede coletora de esgoto pode causar o transbordamento dos poços de visita (local de acesso às tubulações de esgoto) e, consequentemente, aumentar a possibilidade de retorno de esgoto nas ruas e nos imóveis, tendo em vista a força e quantidade de água de chuva que entra na rede de forma incorreta.
O gerente de operações destaca que é importante os moradores de Rio Claro estarem informados sobre a ligação e destinação corretas das águas. “As redes de esgoto foram projetadas para receber, exclusivamente, o efluente proveniente dos banheiros, pias e cozinha. Quando a água da chuva é incorretamente direcionada para a rede coletora de esgoto há o comprometimento de todo o sistema de coleta e tratamento, assim como possibilidade de prejuízos para toda a comunidade local”, diz.
Essas ligações inadequadas – muitas vezes causadas por desconhecimento da população – são proibidas por lei e passíveis de punições. No Brasil, onde há grande volume de chuvas, especialmente no verão, é proibido lançar água pluvial nos ramais de esgotos. No estado de São Paulo, o decreto 5.916/75 determina essa regra. Por isso, é necessário que os imóveis tenham duas saídas distintas, separando assim a água de chuva dos esgotos gerados nas residências.
No início do mês, o volume de chuvas foi intenso em todo o estado de São Paulo. Em Rio Claro, a Defesa Civil informou que o volume acumulado de sábado, e domingo foi de 120 milímetros – a média esperada para o mês de outubro era de 109 mm, por isso a concessionária reforça a necessidade de atenção para o tema.
E para orientar a população, a BRK desenvolve um programa de vistoria residencial, denominado ProAgir. Equipes da concessionária, devidamente identificadas, percorrem casa a casa em diferentes regiões da cidade, explicando o trabalho e realizando vistorias no interior dos imóveis. De janeiro a setembro deste ano, 1.373 imóveis foram visitados, com 104 irregularidades constatadas.
Durante as vistorias, a concessionária busca checar ralos e calhas e confirmar se a água de chuva está sendo direcionada de forma correta para a galeria de água pluvial ou irregularmente para a rede de esgoto. Essa verificação é feita com o uso de corantes e por testes de fumaça. Caso a água de chuva esteja conectada à rede de esgoto, o morador recebe a orientação e tem até 90 dias para fazer as adequações. Desde que esse trabalho foi iniciado na cidade, 44% dos imóveis vistoriados com irregularidades foram regularizados, estando os demais em prazo de monitoramento e sob notificações.
“É importante que os rio-clarenses conheçam e se conscientizem da necessidade desse trabalho. As vistorias nos imóveis buscam prevenir problemas mapeando os locais com escoamentos indevidos e orientar a população dos riscos e prejuízos causados com lançamentos irregulares”, esclarece o gerente.