Por 60 horas, moradores só podem sair de casa para trabalhar ou ir ao médico. Cidade tem o maior número de diagnósticos da variante brasileira no estado de SP e vive crise hospitalar.
Ruas desertas, pouca movimentação de veículos e bloqueios de fiscalização marcaram o início da quarentena total de 60 horas em Araraquara (SP), na tarde desse domingo (21). O objetivo é conter os casos do novo coronavírus.
Pelo regras, até as 23h59 de terça-feira (23), está proibida a circulação de carros e pessoas no município, exceto para trabalhar ou para atendimento médico e compra de medicamentos.
Segundo a prefeitura, em 4 horas, nove pessoas foram notificadas e podem ser multadas se não apresentarem justificativa em até 10 dias.
REGRAS: restrição de circulação e fechamento de comércio começam.
Além disso, fecham serviços considerados essenciais, como bancos, supermercados e postos de combustíveis, e o transporte público não opera. O descumprimento de regras gera multa de R$ 120 (pessoa física) e R$ 6 mil (empresas). (veja as regras abaixo).
O município é o que tem o maior número de confirmações (12 no total) da variante brasileira do novo coronavírus no estado de SP e ela pode ter relação com a alta de casos, internações e mortes, segundo a secretária de Saúde, Eliana Honain.
Neste semana, as UTIs dos hospitais ficaram lotadas por seis dias e somente neste domingo houve uma diminuição para 98% de ocupação.
A cidade soma 171 mortes pela doença e soma 13.454 casos desde o início da pandemia, com alta nos últimos dias.
A prefeitura classifica o novo momento de restrições como um ‘lockdown’, expressão em inglês que, na tradução literal, significa confinamento ou fechamento total. Américo Brasiliense e Santa Lúcia, que ficam na mesma região, também terão as medidas.
Ruas desertas e fiscalização
As principais vias do município ficaram vazias e a EPTV, afiliada da TV Globo, registrou pouca movimentação de veículos e nenhum morador caminhando pelas ruas.
A Via Expressa, uma das principais avenidas da cidade, teve movimento de veículos abaixo do normal. O Centro da cidade também estava deserto durante a passagem da reportagem.
Vários pontos de fiscalização estão espalhados pela cidade, como Avenida Bento de Abreu, Avenida Maria Antônia Camargo de Oliveira, Via Expressa, Rua José Barbieri Neto, Avenida Sete de Setembro, entre outras.
Entre 14h e 18h, os fiscais abordaram 71 veículos e 9 pessoas foram notificadas.
Moradores aprovam medidas
Durante a manhã, a movimentação em supermercados, que vão fechar para atendimento presencial e fazer apenas delivery, também foi pequena. O professor de educação física Gustavo Lopes Sobreira aproveitou a última hora para fazer compras básicas. Ele aprova as medidas, mas acredita que o impacto vai ser pequeno.
“Não com intuito de fazer estoque, foi pela necessidade. Até porque são dois dias e meio (de fechamento), então, eu não vejo a necessidade e nem que fosse uma semana. Em relação à transmissão e leitos, eu acho que (vai ter impacto) quase zero, porque é muito pouco tempo. Dois dias depois se liberar vai acontecer novamente novos casos, se fosse maior o tempo talvez teria surtiria um efeito maior. (Se tivesse) um lockdown de um mês ou dois meses no começo do ano passado, talvez tudo fosse um pouco diferente”, disse.
Supermercados cumpriram medidas
No Jardim Santa Angelina, um supermercado fechou o estacionamento 12h em ponto e somente alguns clientes terminavam o pagamento das compras para deixar o local. Os estabelecimentos só podem funcionar por delivery até terça-feira.
Nos postos de combustíveis, somente a frota de serviços públicos tem atendimento. Uma ambulância foi abastecida no início da tarde.
Véspera teve filas em mercados e postos
Após anúncio do decreto na noite de sexta, moradores fizeram filas no mesmo dia e no sábado (20) em supermercados e postos de combustíveis de diferentes bairros. Em alguns supermercados foi preciso organizar a fila nos estacionamentos, devido ao grande fluxo de pessoas.
Regras da nova quarentena
Só ficam abertos ao público farmácias e estabelecimentos de saúde.
Os ônibus de transporte público não circulam
Os supermercados podem funcionar apenas em sistema de delivery.
Restaurantes não podem funcionar, nem em esquema delivery.
Os postos de combustível atendem exclusivamente abastecimento dos serviços públicos municipais, estaduais e federais, inclusive polícia militar.
É permitida a circulação de pessoas apenas para atendimento médico, comprar medicamentos e ir trabalhar.
Quem descumprir leva multa de R$ 120 (pessoa física) e R$ 6 mil (empresas)
Ficam proibidas todas as atividades comerciais, de prestação de serviços inclusive bancários e industriais, quer para o atendimento presencial, quer para a prática de atividades internas, externas, produtivas, de manutenção, de limpeza ou outra de qualquer natureza, exceto segurança;
Os moradores que estiverem na rua terão que justificar e deverão apresentar, além dos documentos pessoais de identificação e de comprovação de endereço residencial:
Nota fiscal da compra ou prescrição médica do medicamento adquirido ou a ser adquirido;
atestado de comparecimento na unidade de saúde de prestação do atendimento ou socorro médico ou prescrição de medicamentos resultante do atendimento.
carteira de trabalho, contracheque, contrato social de empresa que seja sócio, declaração de terceiro com identificação do indivíduo, do declarante e do endereço da prestação dos serviços.
Tíquete ou imagem da passagem.
Comprovação da urgência ou da necessidade inadiável por qualquer meio ou declaração própria ou de terceiro da ocorrência do fato.
Quem não tiver comprovante tem um prazo de 10 dias para apresentar, caso contrário será multado.
“O objetivo principal é conter a curva de contaminação e mandar um recado sério população de que ela tem que colaborar com essas medidas mais restritivas, porque a situação pandêmica no nosso município está gravíssima e estamos à beira do colapso da saúde”, disse o secretário de Cooperação nos Assunto de Segurança Pública, João Alberto Nogueira Júnior, no sábado (20).
Fonte: G1 São Carlos/Araraquara