Cristãos católicos passam a debater o assunto partir desta Quarta-Feira de Cinzas, dia em que, para eles, começa a Quaresma, período que antecede a Páscoa.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, lança hoje (05/03) em todo o país a Campanha de Fraternidade 2025. Desta vez, o debate proposto para o período da Quaresma traz o tema: “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom”, uma referência ao texto de Gênesis que fala da Criação.
Segundo o “Texto Base” da Campanha, o objetivo desta temática é propor uma espécie de conversão ecológica, chamando os cristãos a se sentir parte do meio ambiente e a cuidar dele, como guardiões. Todo o embasamento do tema leva em conta alguns textos, como a Encíclica do Papa Francisco “Laudato Si”, onde o Pontífice fala justamente de temas socioambientais. O documento completa 10 anos em 2025. Outra referência é o “Cântico das Criaturas”, de São Francisco de Assis, que este ano completa 800 anos.
A COP-30, Conferência do Clima, que será realizada em Belém (PA) em novembro, também está entre as motivações do tema. “A Ecologia Integral é o despertar da consciência de que tudo está conectado: o ambiental, o social, o cultural e o econômico”, explica a bióloga e doutora em Biologia Vegetal Ana Cláudia Oliveira de Souza, que também atua como agente pastoral e ministra palestras sobre o tema deste ano.
“A nossa Igreja tem um histórico muito bonito de amadurecimento da temática ambiental. Nós estamos num ponto crucial e é muito importante que todo cristão se deixe cativar, converter por essa proposta”, afirma.
“Ao nos sentirmos intimamente unidos a tudo o que existem brotarão do encantamento a sobriedade e a generosidade. O mundo é algo mais do que um problema a resolver. É um mistério gozoso que contemplamos na alegria e no louvor”, traz um dos trechos da carta do Papa Francisco sobre o tema.
Ana explica que a intenção é que cada comunidade debata a situação, tenha acesso a dados sobre a situação de devastação e outros danos e que, a partir daí, desenvolva ações e gestos concretos para envolver os fiéis em práticas e mudanças de comportamento, que visem um reflexo real. “A Campanha prevê vários gestos concretos para que os fiéis façam durante o período quaresmal e após ele também, porque é uma campanha que pode e deve ser trabalhada o ano todo. Em especial eu queria destacar a criação da Pastoral da Ecologia Integral, que permitirá que as Paróquias tenham um grupo voltado a esse fim. É o momento da gente se unir e pensar em pequenas ações dentro da nossa realidade, porque é assim que gente muda o mundo”, expressa a bióloga.
“Ao se posicionar no âmbito ecológico, a Igreja emerge como um agente de alcance global, capaz de fomentar uma consciência mundial em prol do compromisso com o meio ambiente”, complementa o Texto Base em seu trecho sobre a importância do tema.