Pelo menos duas percepções foram trazidas na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris.
A primeira delas era esperada: artistas são sempre provocativos por natureza, incomodam, enfrentam o sistema, instigam o pensar, o refletir, colocam conceitos e preconceitos sob tensão, geram críticas de todos os vieses, criam movimentos, enfim, chacoalham e aguçam o pensamento humano.
Na seção que homenageava a moda francesa, a representação LGBTQIA+ à frente de uma espécie de banquete foi logo interpretada como sátira à última ceia de Jesus Cristo, rendendo polêmica nas redes e críticas aos organizadores, que afirmaram jamais ter em mente zombar crenças de qualquer natureza, até porque a encenação, segundo disseram, referenciava deuses pagãos do Olimpo na Grécia antiga e o deus Dionísio, numa perspectiva de conscientização do absurdo da violência entre os seres humanos, dos preconceitos e das exclusões, em celebração à tolerância comunitária. No centro da encenação não estaria um Jesus seminu e pintado de azul, mas o deus Dionísio. Outros ainda interpretaram que a cena fazia alusão à Festa dos Deuses e ao deus do vinho e das festividades, uma pintura do holandês Jan Van Bijlert, exposta em museu na França.
Pelo que se viu – e ouviu – até aqui, a mensagem do espetáculo foi a da inclusão, da diversidade, da equidade, em ataque a toda forma de preconceito.
A segunda percepção é a de que, se Paris-24 será marcada pela temática inclusão- diversidade, a agenda ESG (sustentabilidade, social e governança) ganhou mais fôlego. Aliás, esse pensar sobre inclusão e diversidade (além de sustentabilidade) vem do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, que visa encorajar empresas a adotar políticas de responsabilidade social corporativa e sustentabilidade. Em 2016 surgiram os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, guia para os países comprometidos com o progresso global até 2030, abrangendo diferentes aspectos do desenvolvimento social, proteção ambiental e crescimento econômico.
Empresas devem agir para alcançar os ODSs, atendendo aos princípios da sigla ESG nas áreas social e de governança, integrando uma estratégia em conformidade com padrões exigidos no mundo. A tendência é o investimento em gestão plural e diversa, incentivando princípios éticos que considerem a diversidade e a inclusão como meio de transformação positiva do ambiente corporativo.
Portanto, a mensagem da organização da Paris 2024 está alinhada com a pressão pública, com o mercado financeiro e os reguladores nacionais e internacionais, cada vez mais responsabilizando as empresas não apenas por suas próprias ações inclusivas e diversas, mas também pelos impactos causados por toda a cadeia em que estão envolvidas.
Quanto mais o consumidor, que é muito diverso por natureza, se vir representado e quanto mais heterogêneo for o grupo na cadeia de criação, produção e vendas, haverá maior capacidade de inovação e crescimento, gerando impacto positivo para todas as partes, resultando em melhor reputação e melhores receitas.
Forte na Paris-2024 e na Agenda ESG, as empresas deverão construir sempre um ambiente inclusivo e diverso, mais justo e responsável.
Aliás, no contexto dessa atmosfera olímpico esportiva, e segundo Ricardo Voltolini (Dinheiro-IstoÉ/maio 2024), bons indicadores empresariais ESG ganham jogos; liderança e cultura ESG ganham campeonatos!
Colaborador: Dr. William Nagib Filho – Advogado
