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Dois meses após confinamento, Araraquara tem queda 74% na média móvel de casos de Covid-19

Em 60 dias, cidade saiu do pior momento da pandemia e iniciou a retomada das atividades, mas segue com medidas de monitoramento da população e de quem vem de fora.

Dois meses após o 1º dia de ‘lockdown’, Araraquara (SP) vive outra realidade em relação ao controle da pandemia de Covid-19. Com recorde de casos registrado em 20 de fevereiro, um dia antes de entrar em confinamento, hoje a cidade, que tem cerca de 240 mil habitantes, tem a expressiva queda de 74% na média móvel de novos casos , além da diminuição no número de mortes e internações de moradores pela doença (veja mais informações abaixo).

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Com mais pacientes de outras cidades do que moradores nos hospitais locais, nesta semana a prefeitura permitiu a abertura do comércio, seguindo as orientações do Plano São Paulo.

Mas, apesar dos bons resultados, a prefeitura mantém cautela para tentar evitar novos casos e segue com algumas medidas bem rígidas. Uma delas são as barreiras sanitárias que fiscalizam entradas da cidade, com exigência de exame com resultado negativo para Covid emitido, no máximo, em 48 horas.

Confinamento

Governada pelo prefeito Edinho Silva (PT), Araraquara foi a primeira cidade do estado de São Paulo a proibir a circulação de pessoas – a não ser para ir trabalhar ou buscar atendimento médico. O município também foi o primeiro da região a confirmar a presença da variante P.1. nos infectados.

Às 12h de 21 de fevereiro, a cidade fechou até os serviços essenciais, como supermercados e postos de gasolina, suspendeu a circulação do transporte público e montou blitz nas ruas para manter as pessoas em casa.

Um dia antes, a cidade havia batido o recorde diário de casos confirmados, com 248 registros, o correspondente a 46% das testes analisados. O município vivia uma crise no sistema hospitalar que chegou a beira do colapso.

De acordo com o último boletim divulgado na quarta-feira (21), Araraquara soma 18.540 casos, entre eles 373 óbitos, o que representa uma taxa de letalidade de 2,01%.

Barreiras e estudo

O ‘lockdown’ durou 10 dias, com a flexibilização para a abertura dos supermercados a partir do 7º dia. Após este período, a prefeitura estabeleceu um plano com medidas para ajudar a controlar o contágio do vírus entre a população, entre eles um super feriado de Páscoa e a instalação das barreiras sanitárias.

A medida mais recente é um estudo, em parceria com o Departamento de Água e Esgoto (Daae), que dividiu a cidade em 50 regiões que serão monitoradas por meio da carga viral colhida por meio de análises na rede de esgoto.

Segundo Edinho Silva, se uma região detectar carga viral acima do estipulado, ela será fechada, em uma espécie de ‘lockdown’ segmentado que não afetaria o restante da cidade.

O município também adotou testagem por amostragem de diferentes setores econômicos, que estão retomando as atividades.

Já as barreiras sanitárias foram colocadas nas entradas da cidade no feriado de Páscoa e continuam funcionando. Ao passar pelo bloqueio, os motoristas e passageiros do veículo devem apresentar os motivos para entrar na cidade e apresentarem exame negativo para o novo coronavírus, feito até 48 horas antes.

Em casos em que os integrantes do veículo não tenham o laudo, um exame pode ser feito na hora, mas se o resultado for positivo, o veículo é impedido de passar.

O mesmo monitoramento é feito com os passageiros que chegam ao terminal rodoviário.

Somente na última semana (de 12 a 18 de abril) 6.340 pessoas foram abordadas nas barreiras, com 1.581 testes rápidos aplicados, sendo 49 positivados.

A cidade se mantém em constante monitoramento. Na última semana, o prefeito Edinho anunciou que caso o número de casos confirmados por dia fosse superior a 30% das amostras analisadas, pelo período de três dias seguidos, a cidade seria colocada novamente em confinamento total por 7 dias.

Média Móvel

Em Araraquara, os números da média móvel são calculados por pesquisadores do Urbie, da UFSCar. De acordo com o grupo, no início do ‘lockdown’ na cidade, a média móvel era de 189,6, já na quarta-feira (21), a média era de 48,9. Uma queda de 74,2%.

Com a queda, a cidade conseguiu voltar para os índices do início de 2021, antes da variante P1 ser identificada na cidade e o aumento de contaminação.

Em números absolutos, a cidade que teve 248 casos como pico, após o lockdown, chegou a registrar menos de 30 casos em dois dias, algo que não acontecia desde 8 de fevereiro.

Os especialistas explicam que os efeitos do isolamento social vem ao longo do tempo e em fases. Em Araraquara, a redução de casos pode ser sentido logo na segunda semana após o confinamento e vem caindo desde então.

Internações

No início do ‘lockdown’, Araraquara somava 218 pacientes hospitalizados pela Covid-19, sendo que desses, 180 eram moradores da cidade e 48 eram transferidos de outros municípios.

O auge da internação de moradores com Covid-19 ocorreu em 26 de fevereiro, quando 209 moradores estavam hospitalizados com a doença.

Na quarta-feira (21), o número de internações continuava alto, com a taxa de ocupação de UTI de 92%, mas, apenas 72 dos 172 hospitalizados são moradores de Araraquara.

Mortes

Durante 44 dias seguidos, a partir de 10 de fevereiro, Araraquara registrou mortes em decorrência da Covid-19, chegando a pior marca de 9 óbitos em dia durante a crise hospitalar que se agravou na cidade.

Em 26 de março, a cidade conseguiu zerar o número de mortes em 24 horas pela primeira vez após este período. Nos dias seguintes, o feito ocorreu outras vezes e entre 5 e 6 de abril foram registrados 48 horas sem óbitos.

Em entrevista a EPTV, afiliada da Rede Globo, em 15 de abril, a secretária de saúde Eliana Honain explicou que a redução no número de mortes era esperada, já que esse é um dos efeitos buscados pelo decreto do lockdown.

“Araraquara registrou nesta primeira quinzena de abril 80% da redução do número de óbitos, comparado a março que foi nosso pior mês. Isso mostra que as ações adotadas corajosamente com relação ao ‘lockdown’ surtem efeito: o número de casos começa a ser reduzido a partir de 15 dias do ‘lockdown’, mais 15 dias depois a gente começa a ter uma queda no número de internados e consequentemente a redução no número de óbitos”, disse.

Fonte: G1 São Carlos/Araraquar

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