Por: Priscila Assumpção
Andando pela rua, achando interessante os postinhos na calçada, de repente algo chamou minha atenção. Em cima de um dos postes verdes havia um objeto diferente. Parecia enfiado ali. Como era de uma cor que gosto muito, rosa, me aproximei para tentar entender o que era.
A princípio, parecia um animal. Tinha duas orelhas e um corpo gordinho. Às vezes o cérebro demora um pouco para achar uma categoria para algo que está tão fora de contexto. Então percebi que era um chinelinho de criança – daqueles felpudos que têm rosto de animal, com direito a orelha e tudo. Estava bem fincado.
Fiquei imaginando como poderia ter chegado ali. Uma mãe passeando com o carrinho de bebê e o bebê chuta forte a ponto de o chinelo voar e se prender ali? Uma criança que já anda passa e deixa o chinelo ali, só para ver se alcança o topo do poste? Alguém do apartamento em frente, ao arrumar o quarto do bebê, não percebe que um chinelo caiu pela janela e, por incrível coincidência, ficou fincado no poste? Uma moça que descobriu que está grávida deixa a dica para o amado a fim de iniciar a conversa sobre o assunto?
Quantas possibilidades para explicar um chinelinho rosa fincado em um poste de calçada.
Então vejo as notícias, e todos têm a versão correta sobre os acontecimentos. Mesmo que sejam versões opostas, cada um defende a sua com unhas e dentes. Aí eu pergunto: se um simples chinelinho rosa em cima de um poste pode gerar tantas histórias, como posso saber que tenho todos os fatos para poder dizer que minha interpretação é a correta? E o que é melhor? Estar correto ou manter bons relacionamentos? O primeiro gera estresse e desgaste e o segundo prolonga a vida e traz alegria e saúde.
Mas, voltando à cena do chinelo no poste, quem quer que seja que deixou o chinelo ali, sabendo ou não, deixou uma marca. Me fez pensar em tudo isso, que agora passo para você, querido leitor.
Sua vez.
Colaboração: Priscila Assumpção, Terapeuta, Mediadora, Especialista em Comunicação
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