Certa vez, um amigo muito querido estava me falando sobre girassóis. Lembrou-me que, como o próprio nome diz, eles giram de acordo com a direção do sol, em outras palavras, “perseguem a luz”. Mas, sabiamente ele me questionou: sabe o que ocorre nos dias nublados e chuvosos, quando o sol fica totalmente encoberto pelas nuvens? Eu não tinha ideia… Minha suposição foi de que as flores ficariam paradas, mais ou menos como acontece com as pessoas quando ficam sem norte. Mas fui surpreendido com a resposta: “elas se voltam umas para as outras para dividirem entre si as suas energias”.
Isso me levou a uma grande reflexão e a tentar fazer um link entre o ser humano e o heliotropismo dos girassóis – que ocorre, de dia, no sentido leste para oeste e, à noite, retorna para a posição inicial, esperando o sol nascer. Descobri várias teorias sobre isso, mas para que explicação científica? O sentimento que tomou conta de mim é que a energia do girassol é tão perfeita, que é uma inspiração para quem a entender um pouco.
Sempre procuramos as luzes para iluminar nossa vida, isso é invariável. Mesmo quando as coisas estão negras, como se estivéssemos num túnel muito longo e escuro, buscamos a famosa “luz no fim do túnel”. Que nada mais é do que a esperança de melhorarmos, de darmos um passo além, de procurarmos uma saída para esses momentos que parecem intermináveis.
E o que esperamos das pessoas que estão ao nosso lado? É nesses momentos de escuridão que esperamos que mais nos amem, pois apesar de, muitas vezes, nem merecermos, são nesses momentos que mais precisamos ser amados, mais precisamos ser direcionados, ou seja, quando menos estivermos merecendo é nessa hora que esperamos que alguém acenda um, holofote. Mas geralmente, é nessas horas que o sentimento e o egoísmo humano dessas pessoas tende a selar a boca do túnel por onde entramos, para que definitivamente não haja a possibilidade de serem luz.
Olhando para esse tipo de comportamento tão usual, mais uma vez me veio a figura dos girassóis, mas desta vez nos dias nublados. E me dei conta das palavras daquele amigo sobre o que a natureza providenciou para essas flores: “elas se voltam umas para as outras para dividirem entre si as suas energias”… Mas, hoje em dia, nem sempre as pessoas querem ser girassóis, mesmo para aquelas que supostamente amam. Olhando para o mundo, a percepção que tenho é de que os amores são egoístas, as pessoas estão dispostas a receber muito, quando não só receber. Mas, dar integralmente e incondicionalmente, são poucos os indivíduos que estão dispostos. Esquecem-se que amor é relacionamento de troca, via de mão dupla. Só assim, realmente é bom. Se não for assim, não vale a pena.
Então, na vida, temos que ser girassóis e olhar à nossa volta e descobrir quem realmente é e está disposto a ser girassol. É certo, que em nosso entorno há muitas flores bonitas, rosas, cravos, que até podem embelezar nossas vidas, mas nenhuma tem essa função vital do girassol, de trocar energias quando nosso dia está nublado. Estar bem enquanto você está bem, é muito fácil, mas ser luz quando o túnel escuro parece interminável, isso é tudo! Pode salvar vidas!
Meu desafio para você é que você saiba quem são os girassóis na sua vida. E meu desejo para o mundo é que sejamos todos girassóis.
Paulo Toledo é Jornalista e Mestre em Comunicação Midiática, ambos pela Unesp-Bauru, especializado na área de economia, professor universitário, estudioso do comportamento humano, palestrante e escritor.