Anuncie aqui

Descartáveis depredam a economia e nosso bolso

Tenho consciência ambiental, mas não sou ecochato, nem xiita ambiental, mas a questão dos produtos descartáveis já foi longe demais e causa grande prejuízos econômicos para a sociedade, criando muito mais problemas do que os animais marinhos que morrem por comerem plásticos ou a tartaruga resgatada com um canudinho enfiado no nariz – segundo a Comissão Europeia, produtos plásticos representam mais de 70% do lixo marinho. O uso de descartáveis na medicina, por exemplo, encarece os custos hospitalares e, por tabela, da saúde pública e dos planos de saúde.


Minha mãe, nos anos de 1960 e 1970, trabalhou no Centro Cirúrgico do hospital da Faculdade de Medicina de Botucatu, hoje Unesp, nas equipes que esterilizavam os equipamentos e instrumentais cirúrgicos e outros insumos hospitalares, na autoclave da unidade. Hoje em dia, por comodidade e para se defenderem de possíveis processos, muitos médicos optam pela utilização exclusiva de produtos descartáveis, que após sua utilização são sumariamente jogados fora. Muitos materiais poderiam ser permanentes, que após o uso são reesterilizados e reutilizados.
Muitos desses produtos, em especial instrumentais cirúrgicos, como os usados em cirurgias por vídeo laparoscopia, não precisavam contribuir para o acúmulo de uma montanha de lixo descartável infectante. Os hospitais e médicos poderiam optar por materiais permanentes, reduzindo os custos para os beneficiários de planos de saúde, pacientes particulares e para o governo, em caso de unidades públicas.
A quem interessa o amplo uso de produtos descartáveis, em especial na medicina? Lógico, aos fabricantes, em especial empresas multinacionais que lançaram a moda no Brasil, onde lucram muito. Há países europeus que estão indo na contramão e voltando a usar materiais permanentes, para reduzir a alta produção de lixo ambiental infectante, que exige muito cuidado e alto custo para destinação. Mas a cadeia econômica que vende descartáveis investe milhões de reais anualmente para incentivar o uso, causando a elevação de custos de bilhões de reais para a sociedade.


As Agências Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aprova os equipamentos, e Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e os Conselhos de Medicina e Enfermagem deveriam olhar com mais cuidado essa situação, sob pena de inviabilizar o acesso das pessoas aos planos de saúde e encarecer ainda mais o deficiente sistema público, custeado pelos impostos pagos pela sociedade.
Não é raro ouvir falar que planos de saúde têm preços exorbitantes. Custos como este elevam o valor mensal. O consumidor, tem sua parcela de culpa: “Se pago caro o plano de saúde, tenho que ter o melhor”, que na verdade nem sempre é melhor, pois o material permanente, no caso de cirurgias, é tão bom ou até melhor, em alguns casos.
O Congresso Nacional brasileiro poderia seguir o exemplo do Parlamento Europeu, que recentemente aprovou uma legislação para banir em toda a União Europeia (UE) uma série de produtos plásticos descartáveis, incluindo cotonetes, canudos, copos, pratos e talheres. A proibição entrará em vigor em 2021 e foi aprovado por maioria esmagadora entre os eurodeputados.

Anuncie aqui


A medida proíbe o uso de plásticos descartáveis aos quais existem alternativas feitas de outros materiais no mercado e, em caso de produtos para os quais não existem, visa reduzir seu consumo, aumentar a exigência em sua produção e rotulagem e criar novas obrigações para os produtores em relação a gestão e limpeza de resíduos.
A legislação tem objetivo de reciclar 90% das garrafas de plástico até 2029, além de obrigar que sua composição contenha 25% de material reciclado até 2025 e 30% até 2030. Os fabricantes de certos produtos serão obrigados a arcar com os custos de limpeza, coleta e reciclagem desses artigos. Com essas medidas, projeta-se evitar danos ambientais no valor de 22 bilhões de euros até 2030, além de economia até 6,5 bilhões de euros aos consumidores.


A União Europeia abriu caminho para o mundo repensar os danos causados pelos descartáveis, que deveriam trazer facilidade para as pessoas, mas geram mais problemas e prejuízos, fazendo com que o custo-benefício seja altamente questionável. Em casa, já substituímos canudos plásticos por canudos de metal, laváveis. Preferimos sempre que possível materiais que não gerem lixo ambiental, afinal, independente de lei, a mudança começa em nós.

Fale ou envie perguntas para Paulo Toledo: [email protected]

Paulo Toledo é Jornalista e Mestre em Comunicação Midiática, ambos pela Unesp-Bauru, especializado na área de economia, Consultor de empresas, professor universitário, estudioso do comportamento humano, palestrante e escritor.

Anuncie aqui

Mais artigos do autor

Anuncie aqui
Anuncie aqui

Curta nossa página no Facebook

Anuncie aqui
Anuncie aqui

Outros artigos

Todo cuidado é pouco*

Quarta passada, fui ao shopping. Estava lotado. Depois de muito procurar, achei uma vaga em um cantinho afastado. Mal desci do carro, duas moças...

Quer empreender? A importância do planejamento

Por: Alina Hassem Quando falamos de empreendedor, assimilamos a imagem mais conhecida que é a da pessoa que teve uma ideia inovadora e transformou essa...
Anuncie aqui

Mais notícias

Vereador de Rio Claro é Detido pela PM em Shopping de Joias em Limeira

Vereador, cuja identidade não foi revelada, foi retirado algemado do local e encaminhado para delegacia. Na manhã desta terça-feira (23), um episódio inusitado tomou os...

Alunos do Senai plantam árvores em praça

Vinte árvores foram plantadas em praça em frente da escola. Numa parceria da prefeitura de Rio Claro, alunos e professores da Escola Senai realizaram na...