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Gratidão

Gratidão. Esse é o ato que tem sido apontado como revolucionário em novas terapias que buscam fazer com que o indivíduo comum possa aprimorar sua sensação de bem estar ou, ainda, em releituras de clássicos famosos da filosofia que se dedicaram a produzir uma sabedoria prática que pudesse guiar nossas vidas frente ao caos cotidiano que vivemos vez ou outra na atualidade.

A idéia central dessa proposta é que, ao longo te todos os dias de nossas vidas, ocorrerão fatos, impressões e relações que, de certo modo, nos propiciarão algo de bom e que poderíamos agradecer a sua ocorrência.

Ao fazer esse exercício, ele faz com que paremos de olhar para o futuro que sempre estará à frente e nos convida a pararmos e analisar o já dado e, com isso, valorizarmos o que já temos. Além disso, ao nos obrigar a ficar atentos ao que esta ocorrendo ao nosso redor e dentro de nós mesmos, faz com que desenvolvamos o que os especialistas ocidentais chamam de mindfulness (atenção plena) e a vida se torna, pouco a pouco, cada vez mais rica de nuances e particularidades.

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No aspecto social ocorre a mesma coisa. Estamos de tal modo querendo que o mundo nos ouça e nos valorize, que esquecemos de ouvir e valorizar o outro que nos cerca e, ao invertermos esse processo, por meio do exercício da gratidão, nossas relações melhoram, visto que o outro se vê reconhecido em suas qualidades por nós e os afetos que compartilhamos se tornam mais sólidos.

A primeira vez que tive acesso a essa proposta, ocorreu por meio de um curso intitulado Happiness and Fullfilment e que é oferecido gratuitamente pela plataforma Coursera. Em um dos momentos do curso, o Dr. Rajagopal Raghunathan, autor da proposta, nos apresenta o desafio de pensarmos alguém especial, a quem nós deveríamos ser gratos e criarmos algum meio específico para a realização desse agradecimento.

Confesso ter ficado meio incrédulo no primeiro momento, mas como sou um tanto quanto teimoso na realização das atividades propostas em curso e os artigos científicos sobre esse tema, citados por Rajagopal, eram muito sólidos, lá fui eu realizar esse exercício. A pessoa escolhida foi a minha esposa e minha opção de manifestação do agradecimento foi por meio de uma fala direta. Ao realizar esse desafio, percebi o quanto era difícil para eu me expor agradecendo a alguém e o quanto esse ato de agradecimento foi impactante e emocionante. O vínculo criado foi, de fato, impactante e ele me alertou também para uma descoberta intrigante: há muito, muito tempo, já não agradecia às pessoas importantes em minha vida o fato delas existirem e poderem participar dessa mesma vida.

Recentemente, ao lidar com a música What a Wonderful World, de Louis Armstrong, em um programa que temos na Rádio Claretiana de Rio Claro e que busca analisar filosoficamente as letras de músicas, me veio à mente esse tema e, na análise que realizei, considerei que o autor produz, a todo o momento, um exercício de gratidão.

Esse foi o insight que faltava para te apresentar esse convite. Sei que nesse momento, nossa solidão muitas vezes se acentua, nossas crises de sentido doem mais e as expectativas que criamos ficam por demais pesadas para carregarmos. Para me somar a esse seu desafio de lidar com esses e outros momentos difíceis que certamente teremos, te convido, ao longo de uma semana, todo o término da noite, que você faça um inventário de coisas boas que ocorreram ao longo do seu dia. Sei que a princípio será difícil, estamos programados para ressaltar algo negativo que ocorrem em nossas vidas, no entanto, seja persistente, saia do automático e você verá que, até mesmo o por do sol que se apresenta todo o dia, a brisa da noite após um dia muito quente, a companhia de minha cachorrinha que se aninhou agora a pouco enquanto terminava de escrever esse texto ou a companhia silenciosa mas, sempre presente, de quem se encontra ao nosso redor, podem ser a condição necessária e suficiente para um exercício genuíno de gratidão.

Em tempo: Nada mais justo que eu agradeça a todos aqueles que abriram esse espaço para que eu me comunique com você e, é claro, meus agradecimentos a você que tem acompanhado os meus textos. Muito obrigado! Minha sincera gratidão!

Prof. Dr. Edson Renato Nardi
Coordenador – Filosofia Presencial e EAD
Centro Universitário Claretiano
(16) 3660-1777 Ramal 1472
[email protected]

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