Por Dirceu Dalben, deputado estadual
Um novo ciclo de desenvolvimento para o estado de São Paulo e o Brasil está florescendo no horizonte, em decorrência de vários projetos e obras associadas ao fortalecimento do transporte ferroviário. Esse novo momento para as ferrovias recupera o papel estratégico que elas já tiveram na primeira metade do século 20, mas agregando valor em razão de avanços tecnológicos e em respeito às demandas do século 21.
Na prática, o elenco de projetos e obras em curso, fortalecendo a malha ferroviária paulista e brasileira de modo geral, representa a reparação de um erro histórico que o país cometeu. Desde o final do século 19 e até metade do século 20, as ferrovias foram fundamentais para alicerçar o crescimento econômico e para orientar o desenvolvimento de uma nação que transitava da vida rural para o modo de vida urbano.
Na segunda metade do século 20, entretanto, o Brasil fechou os olhos para a relevância das ferrovias, sobretudo para um país de dimensão continental como o nosso. Elas continuaram essenciais para o transporte dos principais itens de nossa pauta de exportações, mas houve um gigantesco retrocesso em termos do transporte interurbano de pessoas pelos trilhos.
Desta maneira, em território brasileiro pouco mais de 20% do transporte de mercadorias ocorre por ferrovias, contra 80% verificados na Rússia, 55% na Austrália, cerca de 35% no Canadá e 30% nos Estados Unidos, considerando apenas os países igualmente de porte continental como o Brasil.
Esses 20% de proporção de transporte de mercadorias no Brasil contemplam, entretanto, grande parte do que é exportado pelo país, o que é vital para a geração de divisas e, no final das contas, de renda e emprego para boa parte da população. Mais de 90% do minério de ferro exportado são transportados por ferrovias até chegar aos portos, e o mesmo no caso de 50% da soja e açúcar e 60% do milho destinados a vendas no exterior. Todos esses itens compõem grande parte da pauta de nossas exportações.
No momento, contudo, estão em curso novas iniciativas que tendem a consolidar muito a nossa malha ferroviária, em São Paulo e no Brasil. É o caso do fortalecimento da Ferrovia Norte-Sul, que liga os portos de Itaqui, no Maranhão, a Santos, em São Paulo. Essa ligação ferroviária estratégica para o escoamento de muitos produtos foi finalmente concluída com a inauguração em junho de 2023 de seu trecho final, entre Porto Nacional (TO) e Estrela d’Oeste (SP). Nesta cidade a ferrovia que começou a ser construída na década de 1980 se liga à malha paulista operada pela empresa Rumo e chega ao porto de Santos, o maior do país.
Outro grande projeto que começa a sair do papel é a Ferrovia Transcontinental ou Transoceânica, projetada para ligar o porto do Açu, no Rio de Janeiro, até Boqueirão de Esperança, no Acre, e de lá até o litoral do Peru. Com isso, essa nova malha ferroviária permitirá a ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico, configurando um corredor de transporte de enorme peso estratégico para o Brasil e toda a América Latina. Essa iniciativa conta com o apoio dos governos do Brasil e do Peru, em território latino-americano, e da China, dentro de sua visão estratégica denominada Rota da Seda.
Por considerar esse meio de transporte vital para um novo período de desenvolvimento estratégico para o estado e o Brasil, me empenhei na criação da Frente Parlamentar das Ferrovias na Assembleia Legislativa de São Paulo. Como líder dessa Frente Parlamentar, continuarei atento e apoiando todas as ações que levam à revalorização das ferrovias, agora também considerando seu papel decisivo no enfrentamento das mudanças climáticas!
Colaborador: Dirceu Dalben, deputado estadual